O meu ano foi um pouco assim também incendiado por alguns acontecimentos menos bons. Nunca dei importância alguma ao fim do ano. À passagem de ano. Eu que trabalhei vários anos na área do entretenimento e festas sempre relativizei bastante esta ocasião específica, tão importante para quem passa o ano assolapado com os seus afazeres de filhos e trabalho , trabalho, escola , casa. Respeito isso como respeito o facto de ser aquela noite em que se querem divertir o que não se divertiram o resto do ano, depositando nela grande ansiedade. A noite de todos os sonhos.
Nunca a vi dessa forma. Confesso até que sempre me transmitiu uma certa sensação de vazio alimentada pelo facto de quando andava na escola isso significar o fim de um mês que sempre me disse muito. Dezembro sempre foi (e continua a ser) de grande alegria lá em casa , a família toda reunida, o espírito de Natal que torna as pessoas melhores, mais solidárias, mais profundas mas sobretudo porque significava que janeiro estava prestes a “bater à porta” e com ele os testes e os exames. Janeiro sempre me transmitiu a sensação equivalente a trinta e uma segundas-feiras seguidas, o que convenhamos não é nada pouco nem motivo de especial regozijo.
Aprendi pois a construir estes finais de ano à medida das minhas expectativas. Quando comecei a perceber que o importante era estar com os meus amigos independentemente do sítio ou da festa, estar com aqueles de quem gosto comecei aliás a saboreá-la de uma forma mais especial. Talvez também porque o tempo dos testes já lá vai e os exames agora são outros. Ao mesmo tempo sempre achei um pouco estúpido pensar que por termos determinado que o espaço temporal era dividido por anos tudo iria mudar só porque se iniciaria um novo. Como se o rumo dos acontecimentos se alterasse como que por magia.
Este ano é, porém, diferente. Apetece-me agarrar nesse espírito que construímos e acreditar que tudo será especial. Oportunidade para um recomeço e que “agora vai”. Dizem que é nos momentos menos bons, nas derrotas e nas frustrações que mais aprendemos. Pois eu passava bem sem elas. Vivia bem eternamente nessa feliz ignorância a que chamamos felicidade. Sem momentos tristes para aprender ou sem desilusões para crescer. Sem os fracassos próprios do nosso caminho, sem baixos que revelem os altos e sem doenças nem partidas. É que gosto tanto de ser feliz que o meu otimismo merece (na minha modesta opinião) ser recompensado até porque da minha felicidade dependem também outras que não posso, nem devo ignorar.
Despeço-me então deste inferno que foi 2017, mais do que farto de o aturar e digo “Olá” a 2018 com todos os sonhos que podem caber dentro de mim! E para os concretizar vou ter que lutar, sofrer e lutar com o ónus de não poder nunca comprometer os meus princípios e convicções, mas com a certeza de que os meus projetos e ambições só eu os posso concretizar. Desejo-vos, por isso, o mesmo que a mim, que seja um ano mágico de recompensa por tanto acreditarmos, que consigamos transmitir essa boa energia aos que mais nos querem bem, e que os outros também se safem, mas bem longe da minha vista que não desejo mal a ninguém. Que seja bem especial, cheio de momentos perfeitos, de alegrias e concretizações. Porque já dizia Tom Jobim “a gente só leva da vida, a vida que a gente leva!”.