O que esperar?


Ficamos sempre apreensivos nos finais de ano. Inconformados com o que não conseguimos realizar, frustrados com o que não correu bem, felizes com o que atingimos e esperançados com as oportunidades que se avizinham.


A cada ano que finda, temos, julgo eu, essa motivação extra que nasce da convicção e da ilusão que com o renovar, cíclico, de cada ano podemos resolver tudo e que o novo ano será a salvação.
É o positivismo natural de quase todo o ser humano. É a força, inata, que qualquer recomeço trás consigo. Depois, ao longo do ano, vamo-nos deparando com os mesmos obstáculos, com os mesmos problemas e dificuldades que, ao longo do ano velho, não conseguimos resolver.

A verdade é que, não obstante toda a carga positiva que colocamos à meia-noite dos dias 31 de dezembro, há problemas que teimam em transitar de ano para ano.

Pessoalmente não me posso queixar muito (claro que tenho sempre algum queixume, não fosse eu português de gema), mas este foi um ano bastante difícil. Dos mais duros que já vivi. Foi um ano de grandes frustrações, mas de grandes alegrias também – foi um ano de contradições, como acabam por ser todos. 

O ano que vem não será diferente, mas, lá está, vou entrar nele com o tal positivismo natural do recomeço e com a convicção que terei a competência de resolver tudo.

Cada vez me convenço mais de que não temos qualquer capacidade de controlar o nosso destino. Cada micro decisão que tomamos influência todo a linha de vida em que vamos avançando e por isso o destino é incontrolável. É por isso que hesitamos na tomada de decisões, pelo receio das consequências e pela incapacidade de controlar todas as variáveis.
Por isso me questiono: O que esperar de 2018?

Não vou esperar grande coisa. Não adianta esperar grande coisa. Adianta sim entrar com a convicção e a determinação de tomar decisões e não ter receio das consequências. Lutar pelo que se acredita e desvalorizar o mesquinho e o irrelevante. 

Agarramo-nos demasiado ao acessório e não vemos o que efetivamente é importante.

Desde que escrevo para o i, na última crónica de fim de ano, partilho alguns dos desejos para o novo ano. E tenho, naturalmente, alguns desejos, que julgo, serão comuns a muitos vós. 

Gostava que Trump ganhasse juízo, gostava que a Europa se reencontrasse, gostava de voltar a ter prazer em ver futebol e que este clima de guerrilha e ódio terminasse, desejava que Portugal vencesse o Mundial e, claro, gostava que o meu Benfica fosse penta – até porque não pode ser mais nada…

Para mim? Para mim partilho convosco o único desejo que este ano vou formular. Simples, único e que no meio de tanta ambição e tanta motivação que colocamos no recomeço de um novo ano, acabamos por nos esquecer. Para mim vou apenas desejar ser Feliz. Simplesmente ser Feliz. 

Porque a grande lição deste ano foi que nada mais importa. Nada mais faz sentido se não estivermos felizes. 

Este ano não me vou perder em desejos estéreis e em promessas inconsequentes. Só, e tão simplesmente, desejo ser feliz.

Sejam felizes também!

Escreve à quinta-feira