Divisão Panzer


A equipa do FC Porto é neste momento uma divisão Panzer, com dois carros de combate chamados Aboubakar e Marega. Os dois juntos já marcaram mais de 30 golos esta época. É de longe a equipa mais poderosa da Liga. E a história de que “o banco do Porto é curto” não passa de um…


Comecemos por aqui. Quando alguém diz que o FCP tem uma grande equipa, ouve-se logo retorquir: “Mas tem um banco curto”. O próprio Sérgio Conceição alimenta essa ideia. Mas terá algum fundamento?

Vejamos, posição por posição.

O guarda-redes titular é José Sá e o suplente é Iker Casillas – ainda hoje um grande senhor das balizas.

Na defesa, o titular à direita é Ricardo Pereira e o suplente é Maxi Pereira; à esquerda, o titular é Alex Telles e o suplente é Layún. Ou seja, o plantel tem quatro magníficos laterais de qualidade muito semelhante.

No centro da defesa, os titulares são Filipe e Marcano – e, aqui sim, há um problema. Para ambos só existe um suplente conhecido, Diego Reyes. É pouco. E Reyes não é 100% fiável.

Como médio defensivo, o titular é Danilo – e também aqui o suplente, Sérgio Oliveira, está uns furos abaixo, embora já tenha feito bons jogos. Os médios mais adiantados são Herrera e André, que têm como suplentes Óliver Torres e Octávio, dois belíssimos executantes.

Na frente, o FC Porto dispõe de matéria-prima de sobra. Tem Brahimi, Corona e Hernâni nas alas – e, no centro do ataque, além de Aboubakar e Marega, conta com Tiquinho Soares.

Resumindo: que outra equipa portuguesa tem um banco com jogadores como Casillas, Maxi Pereira, Layún, Óliver Torres, Octávio e Soares? O Benfica ou o Sporting têm melhor? Exceção feita ao centro da defesa e ao médio defensivo, o FC Porto dispõe de dois jogadores de valia idêntica para todas as posições.

Com este plantel, Sérgio Conceição pode constituir semana após semana uma equipa demolidora. Uma equipa que alia a força física ao virtuosismo técnico. Aos ‘monstros’ Filipe, Herrera, Marega e Aboubakar, o Porto junta os artistas Brahimi, Corona, Óliver e Octávio.

E, além da força física, todos jogam com uma intensidade invulgar. Mesmo nos confrontos europeus, a equipa do Porto mostra-se em geral mais intensa do que os adversários.

Perante isto, deixe-se de falar do “banco curto” de uma vez por todas. As minhas dúvidas são outras: conseguirão os jogadores aguentar este ritmo durante toda a época? Se conseguirem, o FC Porto pode encomendar desde já as faixas de campeão. A esperança de Benfica e Sporting é, pois, que não consigam.

Ou seja: que em qualquer momento a equipa dê um valente estoiro – e a divisão Panzer fique parada a meio do trajeto.