Crónicas dos aparelhos partidários


Repete-se esta sensação de nepotismo na nomeação sistemática dos familiares das famílias do costume do PS para o governo, mas os casos são tantos que seria injusto nomear todos, sob pena de falhar algum. No entanto, sabemo-lo agora, junta-se-lhes o casal Zorrinho


Por estes dias em que o capital de popularidade do governo e da sua meia legislatura de “águas calmas” parece estar acometido de ventos ciclónicos a acumular aos fogos dos infernos que marcaram o fim da bonança, repetem-se em diferentes pessoas e sítios episódios da (nossa) vida romântica destes dias.

De notar, entre tantos, a “crónica de costumes” de todo este folhetim que se vem desenrolando do intrincado novelo do “caso Raríssimas”, das viagens da deputada mulher do ministro e do secretário de Estado consultor, e da óbvia promiscuidade existente entre o mundo dos doadores e o mundo dos donatários, que ficou patente no universo PS, quando se trata da distribuição das receitas públicas que estes decidem.

Ou seja, esta “privatização” das receitas públicas para uso de uma certa elite que gravita à volta dos círculos do poder, e que deixa adivinhar, se esta for a ponta do novelo, a dimensão da orgia… 

De notar também uma mudança de paradigma na gestão da crise – está a ser igual na forma atabalhoada, pouco profissional e opaca nas explicações dos, obviamente implicados, governantes neste seu esforço para desconversar em vez de esclarecer.

E também é igual na garantida actuação do deputado Galamba a culpar um outro governo qualquer pelos factos.
Mas muito diferente na actuação rápida e manifestamente invulgar por estes dias foi a do secretário de Estado ao demitir-se enquanto o tema está ainda quente, e muitíssimo mais invulgar o facto de não se ter sentido do PM a costumada solidariedade e resistência à mudança, como teve, por exemplo, com a antiga MAI ou com os secretários de Estado do “Galpgate”, entre vários outros.
O tempo nos dará a verdadeira dimensão deste acto decontrição, mas regista-se, para já, a celeridade do mesmo…

De registar, em sentido oposto, e contribuindo muito pouco para a ideia de que vivemos numa democracia moderna, evoluída e transparente, a porventura injusta, mas óbvia impressão, de que já não bastava haver uma promiscuidade entre a decisão de distribuir dinheiro público e as pessoas que recebem as prebendas em viagens ou contratos de consultoria, feitas com os mesmos exactos decisores.

Mas também a ideia de que só algumas castas filiadas no PS têm inerente direito às vagas que se abrem no governo.
Está instalada, e repete-se, esta sensação de nepotismo na nomeação sistemática dos familiares das famílias do costume do PS para o governo, mas os casos são tantos que seria injusto nomear todos, sob pena de falhar algum. No entanto, sabemo-lo agora, junta-se-lhes o casal Zorrinho.

Imaginando, por inimaginável absurdo, que o português de inteligência média percebe – na sucessão de nomeados para órgãos sociais e afins que passou, saiu e/ou ameaçou passar na referida “Raríssimas” – que há uma inegável ligação aos centros de decisão do volume das contribuições estatais de que a referida associação vive, e que com óbvia maledicência faça uma associação entre uma qualquer troca de influências e conflito de interesses (que entretanto nenhum interessado descortinou) que tal possa gerar. Qual será a sua sensação de reposição daquele conceito abstracto e a espaços invocado como fonte de todas as virtudes chamado ética republicana?

Concretizando, quem é que – na sequência da demissão de um secretário de Estado por causa de um caso de manifesto (pelo menos) conflito de interesses entre a sua pessoa e a instituição que tutela, num caso em que se evidenciam ligações várias de políticos a instituições privadas – pode realmente ficar (por melhor e mais apta que a nova secretária de Estado provavelmente seja) descansado com o remédio tomado de chamar para o cargo do demissionário a mulher do eurodeputado Carlos Zorrinho, que foi secretário de Estado no governo de José Sócrates, de onde vem a maioria deste elenco governativo?

Que ideia de reposição do que quer que seja (nomeadamente de que não existe este evidente nepotismo e promiscuidades) é que esta nomeação dá? 

Pois é, nenhuma! E aos críticos do costume que não vão ver mal nisso, porque outros de outra cor fizeram igual, só pode referir-se que têm aí a imagem do país que merecem! 

Advogado na norma8advogados, pf@norma8.pt , Escreve à quinta-feira, sem adopção das regras do acordo ortográfico de 1990


Crónicas dos aparelhos partidários


Repete-se esta sensação de nepotismo na nomeação sistemática dos familiares das famílias do costume do PS para o governo, mas os casos são tantos que seria injusto nomear todos, sob pena de falhar algum. No entanto, sabemo-lo agora, junta-se-lhes o casal Zorrinho


Por estes dias em que o capital de popularidade do governo e da sua meia legislatura de “águas calmas” parece estar acometido de ventos ciclónicos a acumular aos fogos dos infernos que marcaram o fim da bonança, repetem-se em diferentes pessoas e sítios episódios da (nossa) vida romântica destes dias.

De notar, entre tantos, a “crónica de costumes” de todo este folhetim que se vem desenrolando do intrincado novelo do “caso Raríssimas”, das viagens da deputada mulher do ministro e do secretário de Estado consultor, e da óbvia promiscuidade existente entre o mundo dos doadores e o mundo dos donatários, que ficou patente no universo PS, quando se trata da distribuição das receitas públicas que estes decidem.

Ou seja, esta “privatização” das receitas públicas para uso de uma certa elite que gravita à volta dos círculos do poder, e que deixa adivinhar, se esta for a ponta do novelo, a dimensão da orgia… 

De notar também uma mudança de paradigma na gestão da crise – está a ser igual na forma atabalhoada, pouco profissional e opaca nas explicações dos, obviamente implicados, governantes neste seu esforço para desconversar em vez de esclarecer.

E também é igual na garantida actuação do deputado Galamba a culpar um outro governo qualquer pelos factos.
Mas muito diferente na actuação rápida e manifestamente invulgar por estes dias foi a do secretário de Estado ao demitir-se enquanto o tema está ainda quente, e muitíssimo mais invulgar o facto de não se ter sentido do PM a costumada solidariedade e resistência à mudança, como teve, por exemplo, com a antiga MAI ou com os secretários de Estado do “Galpgate”, entre vários outros.
O tempo nos dará a verdadeira dimensão deste acto decontrição, mas regista-se, para já, a celeridade do mesmo…

De registar, em sentido oposto, e contribuindo muito pouco para a ideia de que vivemos numa democracia moderna, evoluída e transparente, a porventura injusta, mas óbvia impressão, de que já não bastava haver uma promiscuidade entre a decisão de distribuir dinheiro público e as pessoas que recebem as prebendas em viagens ou contratos de consultoria, feitas com os mesmos exactos decisores.

Mas também a ideia de que só algumas castas filiadas no PS têm inerente direito às vagas que se abrem no governo.
Está instalada, e repete-se, esta sensação de nepotismo na nomeação sistemática dos familiares das famílias do costume do PS para o governo, mas os casos são tantos que seria injusto nomear todos, sob pena de falhar algum. No entanto, sabemo-lo agora, junta-se-lhes o casal Zorrinho.

Imaginando, por inimaginável absurdo, que o português de inteligência média percebe – na sucessão de nomeados para órgãos sociais e afins que passou, saiu e/ou ameaçou passar na referida “Raríssimas” – que há uma inegável ligação aos centros de decisão do volume das contribuições estatais de que a referida associação vive, e que com óbvia maledicência faça uma associação entre uma qualquer troca de influências e conflito de interesses (que entretanto nenhum interessado descortinou) que tal possa gerar. Qual será a sua sensação de reposição daquele conceito abstracto e a espaços invocado como fonte de todas as virtudes chamado ética republicana?

Concretizando, quem é que – na sequência da demissão de um secretário de Estado por causa de um caso de manifesto (pelo menos) conflito de interesses entre a sua pessoa e a instituição que tutela, num caso em que se evidenciam ligações várias de políticos a instituições privadas – pode realmente ficar (por melhor e mais apta que a nova secretária de Estado provavelmente seja) descansado com o remédio tomado de chamar para o cargo do demissionário a mulher do eurodeputado Carlos Zorrinho, que foi secretário de Estado no governo de José Sócrates, de onde vem a maioria deste elenco governativo?

Que ideia de reposição do que quer que seja (nomeadamente de que não existe este evidente nepotismo e promiscuidades) é que esta nomeação dá? 

Pois é, nenhuma! E aos críticos do costume que não vão ver mal nisso, porque outros de outra cor fizeram igual, só pode referir-se que têm aí a imagem do país que merecem! 

Advogado na norma8advogados, pf@norma8.pt , Escreve à quinta-feira, sem adopção das regras do acordo ortográfico de 1990