O movimento independentista catalão protestou esta quinta-feira à porta dos líderes europeus na tentativa de demonstrar que o seu poder popular não se encontra somente em Barcelona e que a sua luta se trava também – e de uma forma essencial – no centro do poder europeu, que em quase tudo se vem alinhando com Madrid.
Quarenta e cinco mil pessoas marcharam nas ruas de Bruxelas como se o dia se tratasse de uma Diada belga, espantando as expectativas, reivindicando solidariedade e alinhando-se sob o lema “Europa, desperta”.
Os cálculos dos participantes foram anunciados pelas organizações que mobilizaram os protestos e confirmados mais tarde pela polícia municipal da capital belga. A Òmnium Cultural e ANC convocaram a grande marcha em nome também dos presos políticos – os seus líderes, os Jordis, Sánchez e Cuixart, continuam presos em Madrid, apesar de alguns ex-ministros terem recentemente saído em liberdade condicional –, mas o móbil essencial foi o de dizer que o independentismo catalão é também, e inerentemente, europeísta.
Puigdemont e o ex-presidente catalão Artur Mas saíram na frente da marcha, apesar de se terem juntado à última hora. A bandeira da UE, garantiu Agustí Alcoberro, o vice-presidente da ANC, vai ter “em breve” uma nova estrela na sua bandeira. “Será amarela”, disse em Bruxelas, falando também da cor que por estes dias serve como marco de solidariedade com os políticos catalães detidos. “Queremos uma Europa de cidadãos livres, uma que escute os seus cidadãos para além de escutar os Estados”, afirmou, por sua vez, Carles Puigdemont.
“Têm medo de um juiz belga, de que vos diga a verdade”, lançou o ex-ministro catalão Antoni Comín, que se viu livre, com Puigdemont e quatro outros responsáveis, dos mandados de captura internacionais, cancelados pelo Supremo, por receio de que a conversão à lei de Bruxelas atenuasse os alegados crimes dos independentistas.
“Estão aterrados que vos diga que estamos a ser perseguidos pelos ideais políticos e que, portanto, os presos são presos políticos. Têm medo da democracia, das urnas, porque são uns franquistas e têm medo do Estado de Direito", lançou.