"Qual foi a razão para ter ordenado à sua bancada para recuar no imposto às energias renováveis?". Foi assim que Hugo Soares, deputado do PSD, introduziu no debate quinzenal com o primeiro-ministro o momento em que o PS voltou atrás no acordo com o Bloco de Esquerda durante a votação na especialidade do Orçamento do Estado.
António Costa respondeu que "o primeiro-ministro não dá ordens a deputado nenhum e muito menos a um grupo parlamentar". Costa afirmou que lhe foi perguntada a opinião, que consistia no chumbo da medida. "Houve um conjunto de investimentos que foram feitos com regras que não deviam ter existido mas existem", afirmou o primeiro-ministro.
Hugo Soares citou uma notícia publicada num semanário, que o deputado não identificou, em que o primeiro-ministro assume ter sido ele próprio a dar a indicação. "Ou assume o que disse ao semanário esta semana, ou desmente o que disse ao semanário", desafiou o deputado social-democrata.
"Portugal não pode, nem deve dar um sinal aos investidores internacionais de alteração unilateral das regras", justificou ainda António Costa, o que levou o líder parlamentar do PSD a questionar sobre o processo de privatização da TAP, "porque é que se apressou a reverter o contrato e aqui teve tanto cuidado?".
Já sem tempo para que António Costa pudesse responder, Hugo Soares acusou ainda o governo de estar "sozinho e esgotado" e de ter perdido "o apoio" parlamentar tanto do Bloco de Esquerda como do PCP.