Rachel Meghan Markle. De Hollywood para o palácio real

Rachel Meghan Markle. De Hollywood para o palácio real


Os boatos já tinham quase dois anos. O príncipe Harry queria casar com uma plebeia americana, divorciada, e mais velha. Esta semana ficou a saber-se que enquanto cozinhavam um frango no forno o pedido de noivado surgiu como por magia.É esta a mulher que o príncipe Harry vai levar ao altar já em 2018.


O que tem a ver frango no forno com monarquia? A pergunta é de um milhão, mas Meghan Markle sabe a resposta como ninguém: um anel com três diamantes, dois dos quais pertencentes à falecida princesa Diana, e outro comprado no país onde se apaixonou debaixo das estrelas do céu por um príncipe britânico: o Botswana. Enquanto Meghan e Harry tratavam do cozinhado, o filho de Diana e de Carlos ajoelhou-se e pediu a atriz americana em casamento. A cena passou-se há poucos dias e na segunda-feira passada o mundo inteiro ficou a saber das intenções do neto rebelde da rainha Isabel II. Claro que o jovem ruivo e que já foi capa de tabloides por outras razões recebeu um sim imediato de Meghan que nem o deixou completar a frase do pedido: «Foi doce e natural e muito romântico», confessou a atriz em fim de carreira. «Ele ajoelhou-se e eu mal consegui deixar que terminasse, pois perguntei logo se podia aceitar». «Abraçámo-nos e de repente havia um anel no meu dedo», acrescentou a uma revista internacional.

Certo é que o enlace será bem diferente do primeiro que realizou com um diretor de fotografia numa praia jamaicana. Agora terá de se vestir de verdadeira duquesa – será este o título que herdará se o noivo o exigir à rainha – para entrar na capela de St. George, no Castelo de Windsor, para juntar os trapinhos com Harry.

Com o casamento marcado para maio do próximo ano, a vida de Meghan Markle começou já a mudar radicalmente. Em primeiro lugar, abandonou a série televisiva Suits, onde fazia de Rachel Zone, uma assistente que foi promovida a advogada. A carreira de atriz fica para outras núpcias. Depois, até ao casamento, vai ter de se batizar na Igreja Anglicana – Meghan é protestante.

Mas o destino da atriz americana, filha de mãe negra e de pai branco, levou uma grande volta nos últimos dois anos. Desde que os tabloides descobriram o namoro nunca mais teve descanso e até ó príncipe teve de intervir em sua honra. Chamou racistas e sexistas a todos aqueles que condenavam a realeza inglesa por estar a abrir porta a uma mestiça, divorciada e americana. Não há – nestes casos os conspiradores adoram fazer das suas – quem deixe de recordar e falar em coincidências com a morte trágica da mãe de Harry, a princesa Diana. Acompanhada de Dodi Fayed, a princesa de Gales acabaria por morrer em Paris, depois de uma perseguição dos paparazzi que levaram o motorista alcoalizado a embater num dos pilares do túnel. O pai de Dodi, o egipcío Mohamed Fayed, acabou os seus dias a tentar provar que tudo não passou de um crime cometido pelos serviços secretos britânicos para impedirem Diana de casar e ter filhos de um homem muçulmano.

 

Uma defensora das causas das mulheres

Dizem os escritos que Rachel Meghan Markle sempre se distinguiu por se emprenhar nas causas das mulheres. Nascida a 4 de Agosto de 1981, quando completou 11 primaveras decidiu escrever à primeira-dama de então, Hillary Clinton, a protestar com um anúncio que ‘achincalhava’ o papel das mulheres. Cedo se empenhou no seu papel de justiceira e colaborou com o Fundo de Desenvolvimento das Nações Unidas para a Mulher, tendo em 2015 sido aplaudida de pé num desses encontros. A sua carreira de atriz teve o ponto alto na série Suits, onde protagonizou algumas cenas mais escaldantes. Por esse motivo, alguns energúmenos trataram de colocar essas imagens em sites pornográficos, dando a entender que teria feito carreira nessa indústria. Foi o próprio príncipe, entre outros, que tratou de repor a verdade.

Os dois conheceram-se através de amigos comuns e a empatia parece que foi imediata. Meghan conta que foi ela a propor um segundo encontro e, passado pouco tempo, decidiram encontrar-se no Botswana, onde a paixão falou mais alto. Foi nesse lugar paradisíaco, debaixo das tais estrelas que falámos no princípio do texto, que tudo explodiu.

Com a descoberta do namoro, a imprensa tabloide não descansou enquanto não fez a vida num inferno a Meghan. Que é filha de mãe negra, que é quase anorética, que é divorciada e é mais velha que o príncipe: «A minha herança mestiça já me colocou numa zona cinzenta no que diz respeito à maneira como me identifico. Mas, por outro lado, ter um pé em cada lado da cerca fez-me abraçar essa mistura. Tenho orgulho em dizer quem sou e de onde venho e tenho orgulho em ser uma mulher mestiça, forte e confiante», disse à revista Elle.

A antiga atriz, assim o declarou no dia seguinte ao anúncio do noivado, é uma mulher que acredita em si e definia-se assim antes de ser a noiva de Harry: «Sou atriz, escritora e editora-chefe da minha marca de estilo de vida; cozinho bem e acredito firmemente em notas escritas à mão». Agora é tudo isso menos atriz.

A família de Harry já assumiu publicamente que está muito contente com o casamento do jovem que outrora andou por outros mundos menos condizentes com a casa real. Vestiu-se de nazi numa festa, apareceu nu noutras, foi obrigado a passar por uma clínica de desintoxicação, mas agora apareceu-lhe a princesa que o levará ao altar.

*Com Maria Fernandes