“Mudam-se os tempos, mudam-se as vontades,/ Muda-se o ser, muda-se a confiança:/ Todo o mundo é composto de mudança (…)”
Luís Vaz de Camões
Quando, no novo mundo, global, capitalista e informatizado, como nunca antes visto ou documentado, surgem as novas guerras, não são com fogo e sangue ou contra tiranos ditadores, alucinados e imperialistas. Vivemos, sim, a guerra do capital, uma guerra de mercado travada pelas emergentes potências China, Estados Unidos, Rússia, Canadá, não esquecendo o Irão. E nós, europeus, que também a temos de travar, onde ficamos?
A Europa ainda vive uma pseudoera em que os orgulhos nacionalistas prevalecem sobre a realidade, onde em qualquer Estado por que passemos ouvimos dizer “eu não prescindo da minha História.” Portugal tem uma enorme História, talvez a maior e mais triunfal de toda a Europa, mas também Roma teve, também os mongóis tiveram a sua, tanto que 0,5% dos homens de todo o mundo partilham um gene de Gengis Khan. Mas o que tem isso a ver?, perguntam.
A geração que tanto gostam de chamar millennials será também na Europa a geração Erasmus, este talvez o melhor programa universitário já alguma vez inventado, permitindo ao estudante europeu ter a experiência da vida dele e perceber que, afinal, esta geração não é tão diferente assim – talvez todos diferentes, mas todos iguais. Mesmo para aqueles que não tiveram a oportunidade de o realizar, certamente tiveram a oportunidade de circular além-fronteiras sem qualquer constrangimento ou perseguição. Não me ocorre outro sentimento para com os nossos Estados irmãos europeus senão fraternidade – sim, foi sobre este espírito que a Europa foi fundada e ao qual teremos de nos agarrar para preservar a união e criar este novo Estado. O espírito independentista emergente terá de ser posto de lado e deveremos começar a pensar num salário mínimo europeu ou, por exemplo, numa Constituição europeia justa e amiga de todos os cidadãos, não de esquerda ou de direita, mas sim livre, pois, ao longo das décadas, o que tem destruído o nosso continente não foi a imigração, mas sim os constantes movimentos nacionalistas.
A nossa História não se perderá nem será colocada à venda porque, como todos sabem, a história é contada pelos vencedores e a Europa sairá certamente vencedora.
Escreve à terça-feira