O não cumprimento do novo prazo estipulado pelas partes para a apresentação de um acordo preliminar de governo – 18 horas de domingo (menos uma em Portugal continental) – já indicava que as reivindicações de União Democrata-Cristã (CDU), União Social-Cristã (CSU) – “irmã” da CDU na Baviera – Partido Liberal Democrata (FDP ) e Verdes continuavam muito distante umas das outras.
O pior cenário confirmou-se no final da noite, início da manhã de segunda-feira, com o abandono do FDP nas negociações com vista à formação de uma coligação “Jamaica” – assim chamada na Alemanha pelas semelhanças entre a combinação das cores dos partidos e a bandeira daquele país da América Central –, por “inexistência de uma base de confiança” entre as partes, particularmente em matéria migratória e energética. “É melhor não governar que governar mal”, afirmou Christian Lindner, líder do partido.
No final de uma longa maratona de negociações, Angela Merkel lamentou a decisão dos liberais, defendeu que a Alemanha tem de “refletir profundamente” e deixou uma promessa para o futuro: “Enquanto chanceler, farei de tudo para garantir que este país será bem gerido nas semanas difíceis que aí virão”.
Os próximos passos são agora imprevisíveis. Sem maioria no Bundestag, na sequências das eleições federais de setembro, com o Partido Social-Democrata da Alemanha (SPD) indisponível para um novo bloco central, e com os nacionalistas da Alternativa para a Alemanha (AfD) a crescer enquanto força política, a Merkel poderá ver-se obrigada a liderar um governo minoritário no parlamento alemão ou submeter-se a novas eleições. Dois cenários absolutamente inéditos na Alemanha.
A chanceler deverá reunir-se esta segunda-feira com o presidente Frank-Walter Steinmeier, para debater o futuro político do país.