Ao mais alto nível As equipas portuguesas

Ao mais alto nível As equipas portuguesas


As equipas portuguesas jogaram na Europa ao mais alto nível e não envergonharam ninguém.


O FC Porto ganhou ao Leipzig, vice-líder do campeonato alemão, o Sporting empatou com a poderosa Juventus, o Benfica perdeu com o Manchester United mas não foi inferior, o Guimarães bateu o Marselha, o Braga empatou na Bulgária com o Ludogorets.

Ora estes resultados mostram uma realidade que merece ser realçada: a competência dos treinadores portugueses. Quase todos os clubes que defrontaram os nossos são financeiramente muito mais fortes e, portanto, com capacidade para contratarem muito melhores futebolistas. O Manchester tem jogadores que custaram perto (ou mais) de 100 milhões de euros. A Juventus paga a astros mundiais como Buffon, Higuaín ou Di Bala. E o Marselha dá-se ao luxo de comprar Mitroglu para o ter no banco de suplentes.

Sendo a qualidade dos jogadores muito desigual, têm de ser os treinadores a equilibrar os pratos da balança. Rui Vitória, que perdeu este ano três dos melhores elementos (Ederson, Nelson Semedo e Lindelöf), bateu o pé ao Manchester com miúdos de 20 anos e menos, que ainda há pouco nem faziam parte do plantel: Svilar, Diogo Gonçalves e Rúben Dias.

Pedro Martins, que perdeu os 3 avançados do início época passada – Hernâni, Tiquinho Soares e Marega, dois dos quais são hoje titulares do Porto –, bateu o histórico Marselha.

E Jorge Jesus jogou contra o temível ataque da Juventus com uma defesa improvisada: dos 5 jogadores que compõem a linha mais recuada, apenas um (Coates) pôde jogar. Os outros 4 (Piccini, Mathieu, Coentrão e William Carvalho) estavam indisponíveis. Mesmo assim, só sofreu um golo – e perto dos 80 minutos.

Esta situação não vai mudar. Os clubes portugueses vão ser sempre vendedores e terão de jogar na Europa contra clubes compradores (ou seja, contra clubes que lhes levam os melhores jogadores). E aí se revela a argúcia dos treinadores. Primeiro, em encontrar táticas que contrariem a maior categoria individual dos adversários. E depois na capacidade para descobrirem jogadores novos – sejam estrangeiros baratos ou futebolistas da formação.

Exemplos? No Benfica, nesta jornada da Champions, jogaram Svilar (um adolescente contratado lá fora) e Diogo Gonçalves (oriundo da formação). No Sporting, atuaram Ristovsky (um miúdo vindo da Moldávia) e Gelson Martins (prata da casa). Etc.

Resta acrescentar que os clubes mais pequenos têm este problema a dobrar. Para lá de perderem jogadores para os clubes estrangeiros, perdem jogadores para o Benfica, Sporting e Porto. Têm de se reinventar constantemente.

Enquanto vários técnicos portugueses brilham lá fora, como Paulo Fonseca, Leonardo Jardim ou Marco Silva, para não falar de Mourinho, outros fazem milagres cá dentro. Assim os deixem trabalhar.