Ex-agente do ditador chileno Pinochet detido

Ex-agente do ditador chileno Pinochet detido


Reimer Kohlitz foi condenado por assassinar dois ativistas de esquerda em 1984 mas estava a monte


A polícia chilena procedia a uma operação anti-drogas na província de Araucanía, no sul do Chile, quando, fortuitamente, deteve o ex-agente da polícia secreta do ditador Augusto Pinochet, Reimer Kohlitz. O ex-agente encontrava-se entre os membros do gangue que traficavam droga.

O ex-agente foi condenado a seis anos de prisão pelas mortes de dois ativistas de esquerda em 1984, Héctor Sobarzo Núñez e Enro Muñoz Arévalo, em 2012, apesar de ter alegado que os dois militantes tinham sido mortos no decorrer de um tiroteio. No entanto, Kohlitz recorreu ao Supremo Tribunal chileno, sendo que a decisão do recurso apenas foi proferida em agosto de 2015, mantendo a condenação do ex-agente da polícia secreta. O chileno encontrava-se em fuga desde esse momento. 

Vários ativistas de Direitos Humanos celebraram a detenção do fugitivo e exigiram às autoridades que continuassem a procurar outros condenados por crimes similares, tortura e assinato de pessoas de esquerda durante a ditadura de Pinochet nas décadas de 70 e 80. 

A ditadura

A 11 de setembro de 1973, o general Augusto Pinochet, apoiado pela CIA norte-americana, executou um golpe de Estado para depor o governo democraticamente eleito de Salvador Allende, que morreu nesse mesmo dia.

Nos dias a seguir ao golpe, milhares de militantes e ativistas de esquerda foram detidos e enviados para campos de detenção, como o Estádio Nacional, onde foram torturados e assassinados pelos militares sob comando do general. Entre os detidos encontrava-se o conhecido cantor Victor Jara, que foi sujeito a interrogatórios e torturado consecutivamente até ser assassinado com 44 balas. O seu corpo foi encontrado a 16 de setembro. 

Ao longo da ditadura chilena, a polícia secreta deteve e assassinou mais de três mil dissidentes, enquanto muitos outros foram torturados. 

Em 1990, Pinochet abandonou o cargo de presidente e, mais tarde, o de comandante-em-chefe do exército. Morreu a 10 de dezembro de 2006.