Já sabemos que há pela vizinha Espanha muito boa gente que admira Portugal e inveja a nossa Padeira de Aljubarrota. E não é por menos. É que em grande estilo corremos com os castelhanos à padeirada e já lá vão mais de 370 anos. Galegos, Bascos, Andaluzes e, mais recentemente, catalães, todos tentaram libertar-se dos castelhanos, mas sem sucesso.
Os recentes episódios na Catalunha são para lá de tristes. Ficou no ar uma sensação de birra e amuo, resultante da impotência e incapacidade dos seus governantes, com Puigdemont à cabeça.
Os meus amigos catalães que me perdoem e o Sr. Puigdemont também, mas “així no”. Se queriam a independência, no mínimo deveriam ter lido a história de Portugal e perceber como é que se faz.
Agora num tom mais sério, o que se passou na Catalunha é o reflexo de uma minoria que se esqueceu do tempo que passou e cuja vontade independentista é apenas fruto dos devaneios de um punhado de líderes em busca de protagonismo.
Puigdemont é um rato! Perante as camaras de televisão e rodeado dos seus apoiantes um leão, na hora do aperto, um rato que fugiu a correr em busca de asilo político, mas refugiando-se no chavão da segurança e da justiça, que não reconhece ao governo central de Madrid. Acho profundamente patético em pleno século XXI, na Europa, um líder separatista vitimizar-se contra um Governo democrático e que, verdade seja dita, muita paciência teve.
Tem mais valor, para mim, Jordi Sànchez e Jordi Cuixart, presos sob acusação de promoção do protesto independentista de 20 de setembro que um líder que entre avanços e recuos tardou a declarar a independência para depois se refugiar em Bruxelas.
O que transparece é que Puigdemont é um populista e oportunista político. Chegou ao cúmulo de se regozijar com uma vitória desportiva como arma de arremesso ao Governo de Madrid (refiro-me à vitória do Girona sobre o Real Madrid). Quão pequena é esta atitude?
Que líder é este que a meio de uma “rebelião” abandona as suas “tropas” e se refugia no centro da Europa? E refugia-se no símbolo do centralismo que tanto crítica em Espanha? Que sinal dá às suas gentes? Razão tem o Vice-Primeiro Ministro Belga: “quando se pede a independência, é melhor ficar junto da sua gente”.
Nunca compreendi o movimento separatista catalão! Compreenderia sim, no século XVII, mas nos dias de hoje não passa de um devaneio populista e sedento de protagonismo. Tal como por cá já tivemos o nosso Puigdemont, o inigualável Alberto João Jardim, Espanha assiste agora a uma versão mais refinada deste fenómeno. Os resultados estão à vista, com empresas a deslocarem-se e a população a vir para a rua. É que num tempo de tantas incertezas este tipo de jogadas não encontra aceitação. Ao que parece os independentistas já não são assim tantos. Os defensores da união de Espanha, que finalmente saíram à rua, parecem ser muito mais e é um facto: o grande líder catalão fugiu, abandonou o barco e a montanha pariu mesmo um rato.
Escreve à quinta-feira