A tensão entre o Presidente da República e o primeiro-ministro mostra que, em política, tudo pode mudar muito depressa. Os socialistas que estavam deslumbrados com Marcelo passaram ao ataque e o PSD não perde uma oportunidade para se colocar do lado do Presidente.
Hugo Soares, líder parlamentar, acusou ontem o governo de ter feito um “espetáculo” à volta do discurso do chefe do Estado que “não abona nada a favor das boas relações institucionais que todos querem que haja”.
O deputado social-democrata Duarte Marques também defendeu que o governo devia “agradecer” ao Presidente por ter “dado a cara” em momentos difíceis. “A atitude do governo e do PS é de quem não percebeu nada do que se está a passar”, disse, na SIC, o deputado do PSD. O vice-presidente do partido Marco António Costa foi dos primeiros, após as críticas dos socialistas, a elogiar Marcelo por ter “acompanhado com grande humanidade uma tragédia, duas vezes repetida, que assolou a sociedade portuguesa”.
O social–democrata, em declarações ao “SOL”, afirmou que “um partido de governo não riposta assim contra um Presidente”.
No seu habitual comentário na SIC, Marques Mendes considerou que os ataques dos socialistas ao Presidente da República são “uma atitude muito pouco inteligente”.
O conselheiro de Estado defendeu que António Costa é, neste momento, o “elo mais fraco” e só tem a perder se entrar em guerra com um Presidente da República “altamente popular”. Mendes considerou que o governo não tem nenhuma razão para estar chocado porque Marcelo “andava a avisar há quatro meses e a dar vários sinais de descontentamento”.