Comissão vai analisar dados sobre tempos de espera no SNS

Comissão vai analisar dados sobre tempos de espera no SNS


Grupo criado pelo governo vai ser liderado pelo bastonário dos médicos. Limpezas artificiais motivam três audições no parlamento


O bastonário dos médicos vai liderar uma comissão independente que terá por missão avaliar a fiabilidade dos dados que têm sido apresentados pelo ministério da Saúde sobre os tempos de espera no Serviço Nacional de Saúde e o acesso a consultas e operações.

Na semana passada foi tornada pública uma auditoria do Tribunal de Contas que denuncia que os indicadores têm sido falseados através da eliminação administrativa de pedidos de consulta mais antigos. A Administração Central do Sistema de Saúde repudiou a suspeita, indicando que se tratou de corrigir erros administrativos.

Tal como o “SOL” avançou no passado fim de semana, o governo optou por criar uma comissão independente para proceder à verificação externa dos dados, indo ao encontro da recomendação do Tribunal de Contas. Depois de o relatório do TdC ter sido tornado público, a Ordem dos Médicos havia solicitado também uma auditoria independente, que agora avança.

De acordo com o diploma ontem publicado em Diário da República, o grupo técnico independente tem por incumbência avaliar a fiabilidade dos sistemas de informação e monitorização do acesso ao SNS. Os peritos deverão emitir recomendações para a “melhoria da transparência, coerência e qualidade da informação neste contexto”. O governo solicita um relatório no prazo de dois meses.

Além do bastonário dos médicos, a comissão incluirá representantes dos Serviços Partilhados do Ministério da Saúde, Direção-Geral da Saúde, Inspeção- -Geral de Atividades em Saúde, Entidade Reguladora da Saúde, Associação Portuguesa de Administradores Hospitalares, um representante das associações dos doentes e um representante da comunidade académica. Em comunicado, a Secção Regional do Centro da Ordem dos Médicos elogiou a decisão, mas defende que devem ser tornados públicos, desde já, os indicadores eliminados. “Não podemos desvalorizar o sofrimento dos doentes com manobras administrativas e é fundamental que o Ministério da Saúde não corte a sua relação de verdade com os portugueses”, disse Carlos Cortes, da secção regional da ordem.

Ministro, ACSS e Tribunal de Contas no parlamento 

Esta quarta-feira são esperados mais esclarecimentos sobre a forma como o Ministério da Saúde tem estado a gerir as listas de espera no SNS, mas também sobre a degradação no acesso por parte da população, denunciada pelo Tribunal de Contas na auditoria ao último triénio (2014 a 2016).

Por requerimento do Bloco de Esquerda e do PCP, os trabalhos da comissão parlamentar de Saúde começarão com a audição da presidente da Administração Central do Sistema de Saúde, Marta Temido. Segue-se a audição do presidente do Tribunal de Contas, pedida pelo CDS-PP. Por fim será ouvido o ministro da Saúde, chamado a São Bento pelo PSD, também para ser confrontado com o teor do relatório do Tribunal de Contas.