A saga dos guarda-redes


A saga do Benfica com os guarda-redes vem de longe. Jesus despediu Quim por ser muito baixo, e contratou um matulão, Roberto, que se revelou um ‘’flop’’. Depois lá apareceu Artur, que se firmou, mas um golo de Kelvin sofrido no Dragão, que deu o título ao Porto, acabou por condená-lo. Ainda começou a época…


FC Porto e Benfica viveram nesta jornada da Champions pesadelos idênticos: dois frangos dos guarda-redes determinaram duas derrotas. Com outra coincidência: esses dois guarda-redes foram lançados de modo absolutamente improvável. Por isso, os treinadores ficaram no banco dos réus.

Sérgio Conceição, que tem mau génio, pode ter arranjado um problema grave com Casillas. Os guarda-redes nunca gostam de ser substituídos, muito menos em jogos da Champions, onde são vistos no mundo inteiro. Casillas não vai esquecer esta humilhação. Claro que se José Sá tivesse feito uma grande exibição, teria de se calar. Mas com um frango logo aos 4 minutos, Casillas pode argumentar que foi muito mal substituído.

Situação semelhante ocorreu no Benfica. Svilar rendeu o consagrado Júlio César e acabou por cometer um erro fatal de que resultou o único golo do jogo.

A saga do Benfica com os guarda-redes vem de longe. Jesus despediu Quim por ser muito baixo, e contratou um matulão, Roberto, que se revelou um ‘’flop’’. Depois lá apareceu Artur, que se firmou, mas um golo de Kelvin sofrido no Dragão, que deu o título ao Porto, acabou por condená-lo. Ainda começou a época seguinte – mas lesionou-se e Oblak tirou-lhe o lugar.

A seguir veio Júlio César. Um monstro em fase descendente. E a história repetiu-se: o jovem Ederson roubou-lhe a baliza na primeira oportunidade, antes de se transferir para um grande europeu, como Oblak.

Aqui a história complica-se. Começa esta época, e quem escolhe Rui Vitória para a baliza encarnada? Bruno Varela, de quem a nação benfiquista desconfia. Mas Vitória teima e o miúdo corresponde. Até que um frango no Bessa deita tudo por terra. No jogo seguinte Varela já não jogou e depois foi mandado para a bancada.

Regressou Júlio César, o tapa-buracos. Era a terceira vez que voltava à baliza depois de a perder. Mas uma noite infeliz na Suíça, onde sofreu 5 golos, queimou-o inapelavelmente.

E lá apareceu Svilar, um miúdo de 18 anos, o mais jovem guarda-redes de sempre na Champions. Mas azar! Cometeu um erro que valeu uma derrota. E agora Rui Vitória já não pode fazer nada. Prometeu-lhe ser titular no próximo jogo, o que não fez com os outros. A desorientação é evidente.

Rui Vitória andou muito mal nisto. Queimou Bruno Varela injustamente: ao tirá-lo da baliza depois de um frango, retirou-lhe toda a confiança. Perdeu-o para sempre. Também já pouco pode contar com Júlio César: trocá-lo por um miúdo num jogo contra um colosso foi o mesmo que dizer-lhe: podes arrumar as botas.

Agora, Vitória só tem Svilar. Com erros ou sem erros, tem de o aguentar. O problema é se o miúdo se desorienta e começa a dar frangos atrás de frangos. Aí, o Benfica ficará mesmo sem guarda-redes. Terá de recorrer à equipa B.