Vieira e os jovens


Quando trocou Tinha razão. De facto, Jesus acha que equipas formadas por jovens nunca conseguirão ser campeãs, por muito talento que eles tenham. Pensava isso no Benfica e continua a pensar no Sporting. 


Jesus gosta de jogadores como Coates, Mathieu, Coentrão, Piccini, Bas Dost, Acuña, Bruno César – ou seja, futebolistas já feitos que ele depois encaixa na sua forma de jogar.Entretanto,O discursoE não porque o Benfica não tenha formado jovens nestes anos. Formou.

Só que foram vendidos, não ficaram no clube. Nesta convocatória da seleção lá estão Nélson Semedo e André Gomes (hoje no Barcelona), Renato Sanches (Swansea, por empréstimo do Bayern), Bernardo Silva (Manchester City) e Gonçalo Guedes (Valência, por empréstimo do PSG). Tudo jovens de grande nível formados no Seixal. E ainda vendeu outros como Ederson (ao Manchester City) e Lindelof (ao Manchester United).O Benfica formou jogadores – o que se perdeu foi a ideia de uma equipa constituída com base na formação. Uma caricatura desta situação está na despromoção humilhante de Bruno Varela, um jovem guarda-redes formado no Seixal, substituído pelo veterano Júlio César. O discursoMas isto devia ter sido dito claramente aos sócios. O discurso da formação era um embuste – como hoje está à vista de todos. Quando trocou Jorge Jesus por Rui Vitória, o presidente do Benfica foi claríssimo ao dizer os motivos da decisão: o clube queria ter uma equipa principal feita com base nos jovens da formação do Seixal. E, segundo Vieira, Rui Vitória era um treinador mais talhado para isso.

Tinha razão. De facto, Jesus acha que equipas formadas por jovens nunca conseguirão ser campeãs, por muito talento que eles tenham. Pensava isso no Benfica e continua a pensar no Sporting. Jesus gosta de jogadores como Coates, Mathieu, Coentrão, Piccini, Bas Dost, Acuña, Bruno César – ou seja, futebolistas já feitos que ele depois encaixa na sua forma de jogar.

Entretanto, quando olhamos hoje para a equipa do Benfica, mais de dois anos depois de Rui Vitória ter assumido o comando, o que vemos? Há dois titulares portugueses (Pizzi e André Almeida), que já não são propriamente jovens… E, quando vemos os convocados de Fernando Santos para estes jogos com Andorra e a Suíça, só encontramos um jogador do Benfica (Eliseu), que já fez 34 anos. O FC Porto também só tem um jogador (Danilo), mas Pinto da Costa nunca fez o discurso da formação. Em contrapartida, o Sporting tem quatro jogadores entre os selecionados: Rui Patrício, William Carvalho, Bruno Fernandes e Gelson Martins.

O discurso de Vieira resumia-se, pois, a um conjunto de palavras.

E não porque o Benfica não tenha formado jovens nestes anos. Formou. Só que foram vendidos, não ficaram no clube. Nesta convocatória da seleção lá estão Nélson Semedo e André Gomes (hoje no Barcelona), Renato Sanches (Swansea, por empréstimo do Bayern), Bernardo Silva (Manchester City) e Gonçalo Guedes (Valência, por empréstimo do PSG). Tudo jovens de grande nível formados no Seixal. E ainda vendeu outros como Ederson (ao Manchester City) e Lindelof (ao Manchester United).

O Benfica formou jogadores – o que se perdeu foi a ideia de uma equipa constituída com base na formação. Uma caricatura desta situação está na despromoção humilhante de Bruno Varela, um jovem guarda-redes formado no Seixal, substituído pelo veterano Júlio César.

O discurso da formação, feito por Luís Filipe Vieira, tinha outro alcance. Não era para servir de base à equipa principal, mas para vender. Para fazer negócio. Aqueles jogadores referidos acima renderam, todos juntos, umas boas centenas de milhões. Isso não é legítimo? Claro que é! Com a queda do BES, o Benfica levou um grande rombo e precisa de dinheiro. O equilíbrio financeiro é importantíssimo, quer para os clubes quer para os países. É perfeitamente aceitável um clube vender jogadores para ter superavit e diminuir a dívida, reduzindo os encargos financeiros.

Mas isto devia ter sido dito claramente aos sócios. O discurso da formação era um embuste – como hoje está à vista de todos.