No artigo da semana passada, numa tentativa de elogiar a TAP, acabei por denegrir, injustamente, outra empresa, fazendo jus ao que também salientei no artigo: “Construir uma boa imagem demora anos; destruí-la, meia dúzia de horas.” No caso, foram umas linhas, e embora não tenha destruído a Groundforce (uma empresa deste calibre não se abala com duas linhas de um colunista), gerou má interpretação e incómodo, razão pela qual se impõe um esclarecimento.
A verdade é que, por vezes, queixamo-nos desprovidos de razão ou de conhecimento. Em primeiro lugar, importa esclarecer o que não ficou claro no último artigo: a crítica foi bem dirigida, mas desenquadrada no tempo. Porquê? Porque, efetivamente, lembro-me de esperar mais de uma hora por bagagem de porão. Porque, efetivamente, recordo-me de desesperar por uma mala que, fosse ela prioritária ou não, não chegava em tempo razoável nem tão-pouco respeitava qualquer etiquetagem de prioridade. Hoje, já não é assim. A crítica reportava ao início da década de 2000 e, verdade seja dita, após a privatização, o serviço de handling do aeroporto de Lisboa melhorou e muito.
É que, na maioria das vezes, uma má experiência perdura na memória e as boas experiências tendem a esquecer-se. Foi o caso.
Se hoje, por vezes, se registam falhas (e que, sublinho, são bastante pontuais, pelo menos com base na minha experiência), devemos questionar-nos, antes de atirarmos culpas, sobre o porquê dessas falhas.
Se calhar, o aeroporto está desajustado em dimensão face ao volume de tráfego de passageiros que recebe. Naturalmente, este facto causa estrangulamento, limita o escoamento de bagagem e, consequentemente, provoca atraso na sua entrega. Se calhar, a colocação de bagagem prioritária na origem é feita de forma incorreta, desordenada, e, daí, o respeito pela prioridade torna-se impossível, sob pena de atrasar ainda mais a sua entrega.
Não sou especialista na matéria mas, seguramente, outras razões se poderão apontar.
A verdade, e por isso aqui estou a retratar-me, é que fui incorreto na apreciação, incauto na marcação temporal dos factos e injusto para com uma empresa que melhorou o processo de handling no aeroporto de Lisboa.
Mas não ficamos por aqui. Desde a privatização que a empresa tem colecionado experiências internacionais. Países como Marrocos, Angola, Moçambique, Brasil, Guiné-Bissau ou Nigéria têm sido alvo da expansão da Groundforce, não se limitando à operação do handling. Tem agregado competências que vão desde a gestão de escalas, serviços de corporate, engenharia e gestão de equipamentos ou, simplesmente, a formação e a consultoria.
A Groundforce cimentou e consolidou processos em Portugal e expande agora pelo globo os seus padrões de eficiência nas mais diversas áreas de funcionamento aeroportuário. De acordo com o seu sítio na internet, regista um total de mais de 163 mil movimentos, mais de 16 milhões de passageiros, e ultrapassa as 100 mil toneladas de carga. Congrega mais de 2300 funcionários, tem mais de 150 companhias suas clientes e superou as 2 mil formações.
Desde 2005 que arrecadou vários prémios e distinções de excelência, o que, de forma clara, repõe a verdade sobre o valor da empresa. Tenho orgulho no que é português e expor esse orgulho, no caso na TAP, levou a que relevasse para segundo plano outro bom exemplo de excelência portuguesa. Há males que vêm por bem e, assim, aqui fica o reconhecimento a outra empresa da qual devemos orgulhar-nos.
Escreve à quinta-feira