Rui Moreira saiu vitorioso nesta noite eleitoral ao alcançar maioria absoluta (conseguiu eleger sete vereadores) e, tal como aconteceu durante os últimos dias de campanha, não poupou críticas aos ex-parceiros de coligação, afirmando ainda que “os grandes derrotados da noite” são António Tavares (mandatário da candidatura do PSD), Rui Rio (ex-presidente da autarquia) e Paulo Rangel. “Não digo isto por não nos terem apoiado, o que é perfeitamente legítimo, mas por terem utilizado a cidade do Porto como território para disputas de índole nacional”, disse no seu discurso de vitória, acrescentando ainda que as eleições autárquicas no Porto “não são as primárias secretas do PSD”.
O autarca independente lamentou que Álvaro Almeida, o candidato do PSD, tenha sido “abandonado à ultima da hora pelos que tardiamente foram então apoiar a candidatura de Manuel Pizarro”.
Quanto ao PS, Rui Moreira enviou um “abraço” ao seu “amigo Manuel Pizarro”, mas também aqui não poupou críticas. “Tentou, numa primeira fase, condicionar o nosso movimento. O apoio que nos oferecia tinha um preço que o nosso movimento não podia nem quis pagar. Depois, tentou, na participação inusitada de membros do governo na campanha, nacionalizar as eleições no Porto e esse é um preço que a cidade não quis pagar.”
De resto, Rui Moreira agradeceu aos partidos que apoiaram a sua candidatura e a “confiança” dos eleitores “num projeto independente, com futuro e sério”. E no final deixou uma promessa: “Os grandes projetos que lançámos vão ser concluídos, com contas à moda do Porto.” A área cultural, a diplomacia económica, a afirmação da cidade em todas as suas vertentes – na coesão social e na sustentabilidade – são apontadas por Moreira como principais apostas dos próximos quatro anos.
PS responde
O ex-vereador da habitação e candidato socialista à câmara, que conseguiu nomear quatro vereadores respondeu à letra às duras acusações do candidato reeleito, afirmando que “no PS não tentamos reescrever a história” e foi mais longe: “O PS travou esta batalha eleitoral em condições terríveis. Não esquecemos o dia 6 de maio”, acusando ainda Moreira de ter rompido um acordo que estava estabelecido.
“Partimos sem nenhuma possibilidade”, dizendo ainda que “só é derrotado quem desiste. Estamos no caminho da confiança” (…) com mais votos, mais vereadores, mais mandatos na Assembleia Municipal e mantém a presidência em Campanhã”, concluiu.
Recorde-se que Rui Moreira afastou o PS da sua lista independente e obrigou o partido a avançar com Manuel Pizarro como cabeça-de-lista e o apoio de Azeredo Lopes, atual ministro da Defesa e ex-chefe de gabinete de Rui Moreira, a Manuel Pizarro criou algum azedume.
PSD justificou resultado
Já o candidato pelo PSD à Câmara Municipal do Porto, Álvaro Almeida, justificou a derrota do partido na Invicta com o desvio de votos para o independente Rui Moreira, tendo conseguido nomear apenas um vereador. “Houve claramente um desvio de votos do eleitorado tradicional do PSD para a candidatura de Rui Moreira em parte motivada pela preocupação de voto útil para que o PS não ganhasse as eleições e o PSD foi penalizado por esse efeito”, revelou o candidato que não conseguiu mais do que o terceiro lugar nestas autárquicas.
“Sabíamos que ia ser difícil, fizemos o que pudemos, trabalhámos sempre durante estes meses para vencer, não conseguimos. E, por isso, temos de aceitar, são os resultados das eleições, o povo decidiu e está bem decidido, certamente”, salientou Álvaro Almeida.
O candidato derrotado deixou ainda uma promessa: “Cumprir os mandatos que o povo do Porto decidiu entregar, motivados por defender os interesses dos portuenses, defender o futuro da cidade do Porto”, acrescentando ainda que “nos próximos quatro anos vamos trabalhar de acordo com a vontade dos portuenses para que o Porto seja um Porto com melhor qualidade de vida, um Porto para as famílias e onde todos gostamos de viver”, salientou.
A CDU conseguiu manter um vereador, apesar de ter registado uma queda de votos e o BE não entrou na autarquia.