Esta crónica tem uma particularidade única: estou a começar a escrevê-la antes do clássico Sporting-Porto, depois escreverei ao intervalo e terminarei após o fim do jogo.
O FC Porto é claramente favorito. É a melhor equipa do campeonato. Criou-se o mito de que ‘não tem banco’. Ora, o Porto tem o melhor plantel dos três grandes. Tem 4 laterais de grande nível (Ricardo Pereira, Alex Teles, Maxi Pereira e Layún), uma quantidade de médios (Danilo, Herrera, Óliver Torres, André André, Octávio e Sérgio Oliveira), três óptimos extremos (Brahimi, Corona e Hernâni) e três avançados poderosos (Aboubakar, Marega e Tiquinho Soares). Só nos centrais o Porto tem poucas alternativas aos titulares Filipe e Marcano.
A equipa do Porto, que recuperou a raça com Sérgio Conceição, combina muito bem força e técnica, potência e arte. Óliver, Octávio, Brahimi e Corona são uns artistas, Filipe, Herrera, Aboubakar e Marega são uns tanques.
O Sporting está a milhas. Os laterais (Piccini, Coentrão e Jonathan) estão muito abaixo dos do Porto, os médios William e Bataglia formam um excelente par mas não têm substitutos, os extremos (Gelson e Acuña) idem, os avançados (Bas Dost e Bruno Fernandes) são bons mas muito mais frágeis fisicamente. Só nos centrais o Sporting está ao mesmo nível, com Coates e Mathieu, mas também não tem suplentes à altura.
Tudo isto se viu na Champions: o Porto vulgarizou o Mónaco e ganhou à vontade, o Sporting parou a avalancha do Barcelona mas foi impotente para obter a vitória. A equipa de Jesus tem falta de poder de fogo.
Agora estou a escrever no intervalo. O que ficou dito atrás confirmou-se por completo: o FC Porto foi muito melhor individual e coletivamente. Dominou em todo o campo, teve três ou quatro oportunidades, enquanto o Sporting não cheirou sequer o golo. Tudo está em aberto, mas só um golpe de génio de Jesus mudará a tendência do jogo e salvará os leões.
Já estou a escrever no fim. O milagre deu-se. Grande reacção do Sporting na 2ª parte, que empurrou o Porto para o seu meio-campo e dispôs das melhores oportunidades. Facto tanto mais notável quanto é certo que o Sporting teve menos um dia de descanso.
Mas, neste aspeto, os jogadores de ambos os lados foram uns monstros. Lutaram até ao limite das forças e até ao último minuto. Assim, nenhuma equipa merecia verdadeiramente perder. Seria uma crueldade. Grandes exibições de Rui Patrício e Brahimi, com Bataglia a afirmar-se como um jogador decisivo na manobra sportinguista.
Excelente arbitragem de Carlos Xistra, que já foi o patinho feio dos árbitros e tem vindo a subir a pulso, merecendo ter arbitrado o primeiro clássico da época.