Em 2013, o PSD perdeu sete das 11 autarquias que comandava no arquipélago: Funchal, Porto Moniz, São Vicente, Santa Cruz, Santana, Machico e Porto Santo. Ontem, ficou provado que o partido continua a perder terreno na Madeira. A Ponta do Sol e a Ribeira Brava eram bastiões, mas deixaram de ser.
Para alguns, uma das maiores surpresas da noite eleitoral foi a vitória de Célia Pessegueiro, candidata do PS e a primeira mulher a ganhar a autarquia. “O PS ganhou, mas foi uma vitória da democracia e já fazia falta. Infelizmente, há freguesias que não conseguimos conquistar, mas conseguimos a câmara. É a vitoria do PS e da democracia. O objetivo é conseguir cumprir todo o programa eleitoral e acho que o diálogo será possível”, garante.
Na Ribeira Brava, quem conquistou a autarquia foi Ricardo Nascimento, independente, em mais uma derrota para o PSD. Ainda que o candidato admita que não foi dada uma estalada de luva branca, a Ribeira Brava, a oeste do Funchal, era um dos bastiões sociais-democratas, onde havia três candidatos da área laranja. A verdade é que o atual presidente tinha sido uma escolha de Alberto João Jardim em 2013, mas não conseguiu a confiança de Albuquerque. Ricardo Nascimento não gostou de o ver avançar juntamente com Nivalda Gonçalves e reuniu o apoio de vários militantes locais para formalizar uma candidatura independente. Agora, conseguiu 51,7% dos votos, maioria absoluta, e conseguiu quatro vereadores contra três do PSD.
Ainda assim, o PSD pode comemorar a recuperação do Porto Santo, apesar de não haver governação com maioria absoluta. Idalino Vasconcelos foi eleito como presidente da Câmara Municipal do Porto Santo com 37,94% dos votos (dois mandatos). Segue-se Menezes de Oliveira do PS com 36,99% (dois mandatos) e José António Castro do Movimento Mais Porto Santo , com 13,36% dos votos (um). “Foi uma campanha muito renhida. No entanto, acho que a nossa mensagem chegou mais perto das pessoas. A distância foi muito pouca, mas nem que fosse por um teríamos ganho. Não podemos esquecer que há quatro anos, a Câmara tinha sido ganha pelo PS”.
Ainda assim, o PSD continua à frente da Calheta e Câmara de Lobos. No caso desta última autarquia, Pedro Coelho conseguiu conservar o poder do PSD e alcançou 62% dos votos, uma maioria absoluta, contra 11% do PS. O PSD fica aqui com cinco vereadores. “Conseguimos melhorar muito o nosso resultado. Conseguimos passar de quatro para cinco mandatos. Agora queremos governar em força. O PSD aqui está cheio de força. É importante ainda ter em conta que quase conseguimos ficar com um sexto vereador”, salienta Pedro Coelho.
A grande expetativa da noite era em torno do Funchal, que representa grande parte da população da região. Mas foi Paulo Cafôfo o grande vencedor da noite, depois de voltar a ganhar a presidência da Câmara Municipal do Funchal. Em termos de freguesias, a coligação Confiança (PS/BE/JPP/PDR/Nós, Cidadãos!) conseguiu cinco, enquanto o PSD conseguiu ficar com outras cinco.
A verdade é que o Funchal era uma das autarquias que o PSD mais queria recuperar. Recorde-se que, em 2013, os números finais na principal cidade do arquipélago eram os mais reveladores da derrota do partido nas eleições. Dos cerca de 52% dos votos que tinha alcançado nas eleições anteriores, o PSD recuava cerca de 13 pontos, correspondentes a menos cerca de oito mil votos, num universo de 33 mil eleitores.
“Quem ganhou foi o Funchal. Quero agradecer a todos os que acreditaram neste projeto. Fizemos história em 2013 e agora voltamos a fazê-lo. Com esta vitória, consolidamos este projeto de cidadania e das pessoas”, fez saber Paulo Cafôfo.
Miguel Albuquerque, líder do PSD/Madeira, admite a derrota do partido e garante: “O PSD não conseguiu atingir os objetivos, mas respeitamos a escolhas feitas pelos cidadãos. Vamos analisar os resultados e retirar as respetivas ilações”.