Por motivos de transparência, é importante que quem faz comentário político declare o sentido do seu voto. Ora, em Lisboa não é fácil escolher em quem votar nestas autárquicas. Não voto Medina porque, além de um voto no PS ser entendido como uma legitimação política de António Costa, Fernando Medina exerceu um mandato para o qual não foi eleito, com um projeto pensado para ganhar as eleições seguintes.
Por razões éticas e morais não posso votar no PCP nem no Bloco. Votei uma vez no PCP para a junta de freguesia, decisão de que ainda hoje me envergonho: milhões de pessoas sofreram com o comunismo e eu, para ter passeios limpos, traí-as. Nunca me perdoarei, mas uma coisa é certa: jamais repetirei o erro.
Resta o CDS e o PSD. Desde o princípio que desejei que os dois concorressem juntos a Lisboa, num quadro de antecipação das legislativas. A situação financeira do país, as reformas do Estado, que antes eram inadiáveis e hoje estão esquecidas, assim o exigiam. Infelizmente, não foi isso que aconteceu.
Além de me parecer que Lisboa nada ganha com a eleição de mais um líder partidário com outras ambições que não as de vereador ou presidente de câmara, estas eleições terão, inevitavelmente, uma leitura nacional. Ora, e por muitas falhas que Passos Coelho tenha, um erro não cometeu, que foi o de ter embarcado na euforia que o país vive. Gosto de pessoas sóbrias, resilientes, qualidades ainda mais indispensáveis na política. A sua saída de cena daria luz verde ao desnorte emocional que anda por aí. Assim sendo, votarei no que sobra.
Advogado, Escreve à quinta-feira