MAI diz que todos os dirigentes têm comprovativos de licenciatura

MAI diz que todos os dirigentes têm comprovativos de licenciatura


MAI já apresentou as conclusões do levantamento pedido sobre as licenciaturas a 70 dirigentes da Proteção Civil. Todos têm licenciatura. No entanto, a tutela não têm competências para analisar se os cursos foram adquiridos de forma regular. Cabe à Inspeção Geral da Educação, que está no terreno, analisar se foram cumpridos os requisitos previstos na…


O Ministério da Administração Interna diz que todos os dirigentes e elementos da Proteção Civil, em funções, têm “documento comprovativo de detenção de licenciatura”.

Esta foi a conclusão a que chegou o secretário de Estado da Administração Interna, Jorge Gomes, depois de na semana passada ter pedido à Direção Nacional de Auditoria e Fiscalização um levantamento dos cursos dos 70 dirigentes da Proteção Civil.

No entanto, o MAI não refere se as licenciaturas foram concluidas de forma regular, de acordo com a lei.

Recorde-se que está em curso uma fiscalização da Inspeção Geral da Educação (IGEC), a quem compete analisar se existem irregularidades nos cursos dos dirigentes.

Tanto a inspeção da IGEC como a auditoria pedida pelo MAI foram pedidas depois das notícias do i e do Público sobre as licenciaturas de altos dirigentes da Proteção Civil.

O ex-comandante nacional Rui Esteves, concluiu a sua licenciatura tendo 90% de equivalências às disciplinas do curso em Proteção Civil no Politécnico de Castelo Branco. Ou seja, das 36 disciplinas teve equivalências a 32. Rui Esteves acabou por se demitir e a IGEC foi para o Politécnico de Castelo Branco passar a pente fino todos os processos académicos daquela licenciatura.

Dias mais tarde, ainda na semana passada, o i noiticiou que outros dois altos dirigentes da Proteção Civil têm o seu curso sob suspeita e que irá ser passado a pente fino pela IGEC.

Em causa estão os cursos de Luís Belo Costa e Pedro Vicente Nunes, nomeados este ano comandantes operacionais de agrupamento distrital do Centro Sul e do Centro Norte, respetivamente. De acordo com o Instituto Politécnico de Castelo Branco, estes dois altos dirigentes da Proteção Civil também concluíram grande parte da sua licenciatura através da atribuição de equivalências por experiência profissional.

 De acordo com o Politécnico de Castelo Branco, Luís Belo Costa teve equivalência por experiência profissional a mais de metade das disciplinas da licenciatura em Engenharia de Proteção Civil. “De 37 unidades curriculares, foram creditadas 24”, ou seja, foi-lhe concedida equivalência a 65% das disciplinas do curso. As restantes 13 disciplinas terão sido avaliadas sem recurso a equivalências.

O politécnico disse ainda ao i que “a data da ultima creditação é de 2010”. Luís Belo Costa cruzou-se assim no curso com o ex-comandante nacional da Proteção Civil, Rui Esteves, que terminou a licenciatura em 2011 com equivalências a 90% das disciplinas do curso sem que, em algumas disciplinas, houvesse documentos comprovativos da experiência profissional, de acordo com o “Público”.

Também a Pedro Vicente Nunes foram atribuídas equivalências por experiência profissional. Mas, neste caso, houve menos equivalências, uma vez que, em 2013 – depois do caso Relvas –, a lei mudou, impondo um limite máximo de 30% o total das disciplinas do curso que é possível obter por via de equivalências. Ao comandante operacional do Centro Norte foram concedidas oito equivalências no universo de 37 disciplinas que compõem a licenciatura de Engenharia da Proteção Civil, de acordo com a informação avançada ao i pelo politécnico, que acrescenta ainda que “a data da última creditação é de 2014”.

O MAI sublinhou que “a licenciatura é um dos requisitos obrigatórios para o desempenho de funções dirigentes, quer de nível superior, quer de nível intermédio”, tal como consta da lei 2/2004, que define o estatuto do pessoal dirigente dos serviços da administração pública. E este requisito “aplica-se aos elementos da estrutura operacional, tanto no patamar nacional, como no distrital”, frisa ainda a tutela.