Angela Merkel e o seu partido democrata-cristão venceram as eleições legislativas alemãs deste domingo, mas vão ter um caminho difícil para construir uma coligação de governo num cenário em que os nacionalistas estão em vias de conquistar o lugar do terceiro maior partido no Bundestag.
As sondagens à boca das urnas, publicadas durante a tarde deste domingo, dão à CDU e ao seu partido irmão CSU 32,7% dos votos, mais do que o suficiente para bater os social-democratas de Martin Schulz, que podem registar o pior resultado de sempre na história da formação, com resultados projetados para os 20,2%.
Germany, ARD exit poll (18.12 CEST): Merkel's CDU/CSU (EPP) looses 1 million votes to AfD (ENF). #btw17 #AfD #GermanyDecides pic.twitter.com/Oi43AKXXVT
— Europe Elects (@EuropeElects) September 24, 2017
A vitória da chanceler alemã era previsível, mas fica aquém do esperado há apenas uma semana, quando o seu partido surgia no patamar dos 36%. Tanto a CDU/CSU como o SPD perderam nas intenções de voto dos últimos dias a favor dos nacionalistas da AfD, que, em muitos sentidos, parecem os maiores vencedores do dia.
O partido antimigração e anti-islão, fundamentalmente racista e xenófobo no seu programa e mensagem, parece ser o grande vencedor das eleições deste domingo. As sondagens atribuem-lhe 13% dos votos, o que faz dele o terceiro maior partido no Bundestag, muito à custa do sentimento anti-imigração e refugiados nascido da vaga de entradas em 2015.
Só esse dado pode complicar – e muito – as contas da chanceler e de Schulz para os quatro anos que aí virão. A maioria dos alemães quer que se renove a grande aliança do atual governo, mas os social-democratas estão relutantes em deixar a AfD como principal força de oposição, o que aconteceria caso regressassem ao executivo.
Sem os social-democratas – hesitantes, para além disso, a entrar de novo num governo que só parece estar a prejudicar as suas esperanças eleitorais –, Angela Merkel tem ao seu dispor apenas o Partido Liberal (FDP) e a formação ecologista Os Verdes, os únicos que, juntos, lhe podem garantir uma maioria.
Os liberais, sobretudo, parecem no caminho para um bom resultado. Depois de, nas últimas eleições, em 2013, não terem conseguido os 5% mínimos para entrar no Parlamento, o FDP rondava este domingo os 10%, segundo as projeções. Os Verdes registavam um resultado de cerca de 9%.
Teoricamente, é possível uma aliança entre Merkel, liberais e ecologistas, mas a convivência entre os três partidos adivinha-se difícil. Existe alguma margem de erro nas consultas, porém, especialmente num ano, como este, em que se registaram muitos votos por correspondência, como lembrava este domingo Thorsten Faas, politólogo na Universidade de Mainz, em declarações ao “Financial Times”.