É este o resumo da participação das equipas portuguesas na 1ª jornada da Champions. Um dos pesadelos foi vivido no Dragão. O FC Porto tem o melhor plantel dos três grandes, com dois jogadores de nível idêntico em quase todas as posições. E Sérgio Conceição transmitiu-lhes uma raça semelhante àquela que caracterizava a sua forma de actuar. Antes de jogar, Sérgio lutava.
Os jogadores do FC Porto também lutam muito. Discutem cada palmo de terreno como se fosse um combate de vida ou de morte. Sufocam os adversários de início, caem em cima deles, não os deixam jogar. O problema é que, se não marcam nesse período inicial, ficam muito vulneráveis – pois não conseguem aguentar por muito tempo esse ritmo frenético. A equipa do Porto gere mal o dispêndio de energia, como se viu na 4ª-feira, em que acabou o jogo esgotada física e psicologicamente.
O segundo pesadelo foi vivido pelo Benfica, que perdeu depois de estar a ganhar. O que mostra que o inferno da Luz já não é o que era. O clube deixou-se desnatar neste Verão e não se reforçou à altura. Depois de quatro campeonatos ganhos, convenceu-se de que venceria sempre, quaisquer que fossem os jogadores.
Só que, tal como os elásticos, os planteis esticam mas há um momento em que se partem. Hoje, por exemplo, dois jogadores fulcrais – Fejsa e Pizzi – quase não têm substitutos. A época dos encarnados vai ser, pois, muito difícil. Rui Vitória, que tem feito dieta, vê a sua estrela da sorte empalidecer à medida que emagrece.
O meio pesadelo foi vivido pelo Sporting em Atenas. Depois de uma 1ª parte brilhante, teve um fim de jogo terrível. Que não é inédito: recorde-se o 3-3 do ano passado em Guimarães, depois de estar a vencer por 3-0; o 1-2 em Madrid, depois de estar a ganhar 1-0 ao minuto 89; o 3-2 de Vila da Feira, em que deixou o adversário recuperar de 0-2 para 2-2.
Estas quebras são muito preocupantes, pois retiram confiança à equipa. Se nem a ganhar por 3-0 a quatro minutos do fim os jogadores têm a certeza de vencer o jogo, como estarão em situações menos folgadas? Jorge Jesus nunca foi bom a gerir resultados. Sabe atacar bem, sabe defender bem, mas não sabe congelar os jogos. Já era assim no Benfica e continua a ser no Sporting.
As derrotas de Porto e Benfica nesta 1ª jornada da Champions são perfeitamente recuperáveis. O problema não é esse, mas sim as debilidades estruturais que revelaram. O Porto tem a personalidade do treinador: luta muito mas enerva-se quando as coisas correm mal. O Benfica tem um plantel curto e pouco rico, com jogadores-base sem substitutos à altura. E o Sporting não sabe gerir as vantagens, mantendo os adeptos com o credo na boca até ao apito final.