A Catalunha quer mesmo avançar com um referendo sobre a independência a 1 de outubro. O parlamento e governos regionais já o aprovaram e as reações não se fizeram esperar.
Mariano Rajoy, primeiro-ministro de Espanha e líder do Partido Popular, acusou o parlamento catalão de cometer uma “atrocidade constitucional e democrática” e anunciou que o governo espanhol irá pedir ao Tribunal Constitucional a anulação da decisão dos poderes executivo e legislativo catalães. O Ministério Público também anunciou que estava a preparar processos contra alguns parlamentares, incluindo a presidente do parlamento regional, Carme Forcadell, por desobediência às ordens que proibiam os poderes legislativos de avançarem com o processo independentista.
O Tribunal Constitucional tinha reunião marcada para ontem ao final da tarde para estudar o pedido de anulação do referendo apresentado pelo governo de Rajoy.
Para além das iniciativas legais, Rajoy avançou também com reuniões com os líderes dos restantes partidos para criar uma frente constitucional contra o referendo, nomeadamente com Pedro Sánchez, líder do PSOE, e com Albert Rivera, líder do Ciudadanos.
Porém, nem todos partilham desta unidade partidária em defesa da Constituição espanhola contra o referendo. Pablo Iglesias, líder do Podemos, defendeu que o referendo de “1 de outubro é uma manifestação política legítima”, apesar do partido “não concordar com o caminho das forças políticas que governam a Catalunha”. Em resposta a uma carta a si dirigida pela vice-presidente da subcomissão de direitos humanos do Parlamento Europeu, Beatriz Becerra, Antonio Tajani, presidente do Parlamento Europeu afirmou que “qualquer ação contra a Constituição de um Estado-membro é uma ação contra o quadro jurídico da União Europeia”.
Na quarta-feira, o parlamento catalão aprovou, depois de um dia de trabalhos tumultuosos no hemiciclo, a Lei do Referendo com os 72 votos dos independentistas, num total de 135. Os parlamentares que se opunham ao referendo abandonaram a sala antes da votação como forma de protesto. A sessão durou 11 horas consecutivas com protestos e gritos.