Depois de uma pré-época fraquinha, o Benfica entrou a todo o gás nos jogos a valer, com duas vitórias sobre o Guimarães, mas desde aí dá sinais contraditórios. Ganhou em Chaves com dificuldade ao minuto 90+2, venceu facilmente o Belenenses por 5-0 e empatou em Vila do Conde.
As dúvidas são tanto mais pertinentes quanto é certo que, objetivamente, o Benfica não tem um grande onze. O guarda-redes, Bruno Varela, ainda não se sabe bem o que pode dar. Os dois laterais, André Almeida e Eliseu, cumprem apenas os mínimos; aliás, no início da época passada, nenhum era titular. Os dois centrais, Luisão e Jardel, já formaram uma grande dupla, mas começam a dar sinais de desgaste. Fejsa é um ótimo trinco, mas lesiona-se muito. Pizzi surge hoje como a estrela da equipa, o que não deixa de ser significativo, pois não é um predestinado; é um extremo que se adaptou muito bem a n.o 8. Os extremos são bons (Salvio ou Zivkovic, Cervi ou Rafa) e, no meio, tem o eterno Jonas, já entradote, e Seferovic ou Mitroglou. Não é um onze por aí além.
É bom não esquecer que o Benfica perdeu três jogadores na retaguarda (Ederson, Nélson Semedo e Lindelof), aos quais se pode somar Grimaldo (que tem estado quase sempre no estaleiro), e não comprou nenhum. Aliás, só tem um jogador novo no onze: Seferovic.
Se compararmos com o Sporting, a diferença é enorme. Os leões têm seis novos jogadores titulares: Piscini, Mathieu, Coentrão, Battaglia, Bruno Fernandes e Acuña. Em teoria, pelo menos, enquanto o Sporting se fortaleceu bastante em relação ao ano passado, o Benfica perdeu força.
É certo que Rui Vitória já deu provas de que é capaz de fazer omeletas sem ovos. Chegou o ano passado a ter os três avançados indisponíveis (Jonas, Mitroglou e Jiménez) e, mesmo assim, manteve a veia goleadora. Neste sentido, a perda de jogadores não é algo que tire o sono ao treinador encarnado. Mas tudo tem um limite. Um elástico estica, estica, estica até que se parte. E com as equipas passa-se o mesmo.
As exibições dos jogadores dependem muito da exibição coletiva. Quando o coletivo engrena, parece que todos os jogadores são estrelas; inversamente, quando as coisas começam a falhar coletivamente, parece que nenhum jogador presta. Contra o Belenenses, Jonas parecia um príncipe, um jogador brilhante, capaz de marcar vários golos a qualquer defesa. Contra o Rio Ave, parecia um avançado banal.
Vamos ver os próximos jogos. Até agora, FC Porto e Sporting pareceram mais fortes que o Benfica. Mas a procissão ainda vai no adro – e o Benfica já mostrou que pode ser campeão com um plantel menos forte do que o dos adversários.