Depois da praia, o campo. Já não é assim, mas foi. O sal do mar ainda na nossa pele enquanto nos deitamos no relvado do jardim a seguir a um passeio. Olhamos para cima e aquele céu já não é igual ao do mar, mas é igualmente calmo. Igualmente tranquilizador. E o som das ondas transformado no do vento contra os choupos lembra-nos que o que acaba recomeça de outro modo, noutro local, com o mesmo efeito.
Aqui, neste sítio sem fogos nem jogos dos que fogem da responsabilidade, o tempo corre devagar, as manhãs acordam em silêncio, sem a balbúrdia da praia, os cremes, as pranchas, os óculos de mergulho e a bola, nunca esquecer a bola, mais as raquetes, a garrafa de água e as toalhas, e até mesmo uns trocos para se passar no café ou se dar lá um saltinho depois, desde que ainda durante a manhã.
Os almoços preparam-se e comem-se ao ritmo do movimento da brisa na toalha posta em cima da mesa; a tarde, já quente, convida à sesta, ou a ler, ou a desenhar, ou a sonhar com o passeio que se dá quando o tempo fica mais fresco e saímos para voltarmos para jantar; para vermos o sol a pôr-se com aquele tom suave do fim de agosto.
Suave quando o vento frio se levanta e nos força a olhar para cima, onde vemos um céu escuro que a trovoada também anuncia e nos atira para casa, para o sofá defronte da porta, de onde assistimos a mais um lento declínio de verão. Passaram poucos dias desde que chegámos, quatro parágrafos nesta crónica, e o ar do mar descansa já longe, à espera de nós no ano que vem.
Advogado
Escreve à quinta-feira