Barclays coloca sensores na mesa dos trabalhadores

Barclays coloca sensores na mesa dos trabalhadores


Banco diz que não é para medir produtividade, mas para avaliar espaço dos escritórios


O Barclays instalou dispositivos por debaixo das secretárias dos trabalhadores para monitorizar quanto tempo é que estes permanecem no seu local de trabalho. Essa instalação foi feita por etapas, mas os colaboradores garantem que não foram informados. Trata-se de dispositivos de monitorização chamados OccupEye, ou seja, estão equipados com sensores de calor e movimento para registar o tempo de permanência no local de trabalho. 

Apesar deste descontentamento por parte dos trabalhadores da instituição financeira, o porta-voz do banco garantiu que, até à data, não foi apresentada qualquer queixa formal ao departamento de recursos humanos. 

A instituição financeira já veio garantir que a ideia não é monitorizar os trabalhadores nem a sua produtividade, mas avaliar o uso do espaço dos escritórios. “Este tipo de análise ajuda-nos a reduzir custos, por exemplo, administrando o consumo de energia ou identificando oportunidades para flexibilizar mais os ambientes de trabalho”, revelou a Bloomberg.

Segundo o banco, é possível obter “enormes poupanças” ao diminuir a utilização de imóveis. E dá como exemplo o que se verificou em dezembro passado, quando o Barclays alugou espaço para escritórios ao governo no bairro londrino de Canary Wharf, economizando assim mais de 38 milhões de euros (cerca de 45 milhões de dólares) por ano.

Esta necessidade de poupar ganha maior relevo depois de o Barclays ter apresentado perdas na ordem dos 1,5 mil milhões de euros no trimestre que terminou em junho. 

Outros casos

A verdade é que este não é um caso isolado. Também o Lloyds Banking Group usa sensores de movimento semelhantes. No entanto, este tipo de dispositivos está longe de criar consenso e há já quem fale em “vigilância ao estilo Big Brother”. 

O sindicato Unite garantiu entretanto que irá “acompanhar atentamente a situação de forma a garantir que os sensores nunca sejam utilizados para espiar os funcionários nem como forma de medir a sua produtividade”. 

Estes dispositivos são vendidos como uma forma de as empresas identificarem como reduzir o espaço dos escritórios. Um painel multicolorido mostra aos gestores quais os postos de trabalho que estão desocupados e analisa tendências de utilização.

O certo é que tanto o Lloyds como o Barclays têm vindo a reduzir o seu espaço em Londres com o objetivo de poupar mais de 100 milhões de euros por ano. “É importante rever regularmente o espaço de escritórios e de trabalho”, disse Ross Keany, porta-voz do Lloyds, que deixa uma garantia: “Usamos sensores de movimento em alguns dos nossos escritórios, mas também interagimos com os colegas e pedimos opinião sobre a forma como estes dispositivos podem funcionar melhor.”