Face à polémica decorrente de alguns lances duvidosos, os esclarecimentos não tardaram. Durante o dia de ontem, o Conselho de Arbitragem (CA) da Federação Portuguesa de Futebol (FPF) explicou, através da publicação de um relatório, algumas decisões do vídeo-árbitro (VAR) relativas à primeira jornada.
À primeira vista, a conclusão a retirar é simples: o balanço não podia ser mais positivo, com o CA a defender que o «único erro claro» foi o golo anulado a Marcano – o qual acabou, momentos depois, por ser validado. No mesmo relatório, o CA justifica que o quarto golo dos azuis-e-brancos havia sido anulado por indicação do árbitro assistente, mas, e tal como o próprio sistema inovador obriga, depois de ser revisto no ecrã (em caso de golo, a tecnologia entra sempre em ação para confirmar), não houve «margem para dúvidas». O defesa-central acabou por selar a goleada dos dragões frente ao Estoril (4-0).
A par do caso de Marcano, uma das situações mais polémicas foi o golo, também ele anulado, de Ricardo Horta (Sporting de Braga) frente ao Benfica. «Não é claro que o jogador do Sp. Braga esteja em posição regular no momento do passe, pelo que não é dada indicação ao árbitro para reverter a decisão ou visionar junto do relvado», diz o relatório. Dado que o «vídeo-árbitro não tem auxílio das linhas de fora-de-jogo», o árbitro é soberano. «O lance é de dúvida, [portanto] prevalece a decisão tomada pela equipa de arbitragem», relembra o CA.
No mesmo documento divulgado esta sexta-feira, o CA apoia-se ainda noutros dois exemplos para medir o sucesso da tecnologia recém-implementada. Em causa está a expulsão de Vasco Fernandes, no jogo entre o Vitória deSetúbal e o Moreirense, aos 71 minutos. «A decisão foi tomada pelo árbitro do jogo e secundada de imediato pelos assistentes. 1:02 depois, o vídeo-árbitro confirmou: ‘Tudo ok’. Procedimento correto», escreve.
O golo de Rúben Fernandes (bem) validado no Portimonense-Boavista foi outra ‘amostra’ reportada. «Árbitro valida o golo. Como todos os lances de golo são verificados, VAR analisa três possíveis infrações na mesma jogada e confirma legalidade da decisão do árbitro no relvado. Procedimento correto», esclarece. Com o levantamento de várias questões em relação ao mais recente sistema de auxílio aos árbitros no futebol português, o CA aproveitou ainda para deixar alguns esclarecimentos relativos aos vídeo-árbitros.
Para começar, «todos os árbitros que desempenham a função de vídeo-árbitro pertencem ao quadro principal», e «todos os árbitros que desempenham a função de vídeo-árbitro assistente são árbitros assistentes do quadro principal», explicita. Acresce que «as imagens de todas as câmaras que filmam os jogos chegam, em direto e de forma independente, ao vídeo-árbitro», ou seja, este não depende «do realizador que produz o jogo para desempenhar a sua função».
E no final, já se sabe, «o árbitro no relvado toma sempre a decisão».