A “vingança” de Pizzi


O leitor vai achar-me narcisista, mas quando o Witsel deixou a Luz respondi espontaneamente a um amigo benfiquista que me perguntou, aflito, quem o poderia substituir: “O Enzo Pérez.’.


Embora este jogasse a extremo, vi nele qualidades para jogar mais no miolo do campo: era muito batalhador, nunca se dava por vencido, segurava bem a bola e corria com ela dominada.

Mas, tempo depois, Enzo também saiu – e o problema voltou a colocar-se. Não havia, aparentemente, no plantel do Benfica ninguém para o substituir. Sucede que, num jogo da Taça de Portugal contra o Braga, na Luz, Jorge Jesus fez um onze alternativo e colocou Pizzi na posição 8. E foi para mim uma revelação, mostrando capacidade para ter bola e visão de jogo para fazer passes a rasgar – daqueles que, como por magia, deixam para trás os defesas adversários e isolam os companheiros. Mas, depois deste jogo, Pizzi não voltou a atuar nessa posição.

Tempo mais tarde, em conversa com Jesus, este mostrava-se preocupado com a falta de um número 8, e eu alvitrei, a medo: ‘’Tem o Pizzi…’’ Mas apesar de ter sido ele a experimentá-lo no lugar, não se mostrou convencido: “Ao Pizzi falta intensidade, não mete o pé, não mete a cabeça…’’ De facto, nesse jogo com o Braga, ele fora parcialmente responsável pelo golo que derrotara o Benfica, deixando Pardo correr sozinho durante 30 metros.

A verdade é que, no jogo a seguir à nossa conversa, Jorge Jesus meteu mesmo Pizzi a titular na posição 8. E ele saiu-se bem. E a partir daí não mais largou o lugar. Aquele que nunca passaria de um número 7 mediano tornou-se um excelente número 8.

Quando Jorge Jesus saiu, porém, o tempo de Pizzi parecia ter acabado. Fora uma “invenção” de Jesus e este já não riscava nada na Luz. No seu lugar passou a jogar – e bem – André Horta. Pizzi começou então a sentar-se no banco, e quando entrava era para jogar a extremo direito, na sua antiga posição.

Mas Horta lesionou-se, Rui Vitória ainda tentou outras experiências – tais como meter Samaris a jogar ali -, mas acabou mesmo por render-se a Pizzi. E este fez tão bem ou tão mal o lugar que nunca mais o largou. Passou a ser tão insubstituível… que nunca era substituído. Tornou-se um dos jogadores com mais minutos. Quando parecia esgotado, ia buscar sempre novas energias a uma reserva escondida. Nunca parava, como as pilhas Duracell.

E acabou por ser considerado, este ano, o melhor jogador do campeonato. 

Depois de ter vencido o ceticismo de Jorge Jesus, depois de ter obrigado Rui Vitória a render-se, depois de ter conseguido ser convocado para a seleção, só falta mesmo a Pizzi convencer Fernando Santos a dar-lhe a titularidade na equipa nacional. Já faltou mais. Até porque, sempre que foi chamado a atuar, nunca desiludiu. 


A “vingança” de Pizzi


O leitor vai achar-me narcisista, mas quando o Witsel deixou a Luz respondi espontaneamente a um amigo benfiquista que me perguntou, aflito, quem o poderia substituir: “O Enzo Pérez.’.


Embora este jogasse a extremo, vi nele qualidades para jogar mais no miolo do campo: era muito batalhador, nunca se dava por vencido, segurava bem a bola e corria com ela dominada.

Mas, tempo depois, Enzo também saiu – e o problema voltou a colocar-se. Não havia, aparentemente, no plantel do Benfica ninguém para o substituir. Sucede que, num jogo da Taça de Portugal contra o Braga, na Luz, Jorge Jesus fez um onze alternativo e colocou Pizzi na posição 8. E foi para mim uma revelação, mostrando capacidade para ter bola e visão de jogo para fazer passes a rasgar – daqueles que, como por magia, deixam para trás os defesas adversários e isolam os companheiros. Mas, depois deste jogo, Pizzi não voltou a atuar nessa posição.

Tempo mais tarde, em conversa com Jesus, este mostrava-se preocupado com a falta de um número 8, e eu alvitrei, a medo: ‘’Tem o Pizzi…’’ Mas apesar de ter sido ele a experimentá-lo no lugar, não se mostrou convencido: “Ao Pizzi falta intensidade, não mete o pé, não mete a cabeça…’’ De facto, nesse jogo com o Braga, ele fora parcialmente responsável pelo golo que derrotara o Benfica, deixando Pardo correr sozinho durante 30 metros.

A verdade é que, no jogo a seguir à nossa conversa, Jorge Jesus meteu mesmo Pizzi a titular na posição 8. E ele saiu-se bem. E a partir daí não mais largou o lugar. Aquele que nunca passaria de um número 7 mediano tornou-se um excelente número 8.

Quando Jorge Jesus saiu, porém, o tempo de Pizzi parecia ter acabado. Fora uma “invenção” de Jesus e este já não riscava nada na Luz. No seu lugar passou a jogar – e bem – André Horta. Pizzi começou então a sentar-se no banco, e quando entrava era para jogar a extremo direito, na sua antiga posição.

Mas Horta lesionou-se, Rui Vitória ainda tentou outras experiências – tais como meter Samaris a jogar ali -, mas acabou mesmo por render-se a Pizzi. E este fez tão bem ou tão mal o lugar que nunca mais o largou. Passou a ser tão insubstituível… que nunca era substituído. Tornou-se um dos jogadores com mais minutos. Quando parecia esgotado, ia buscar sempre novas energias a uma reserva escondida. Nunca parava, como as pilhas Duracell.

E acabou por ser considerado, este ano, o melhor jogador do campeonato. 

Depois de ter vencido o ceticismo de Jorge Jesus, depois de ter obrigado Rui Vitória a render-se, depois de ter conseguido ser convocado para a seleção, só falta mesmo a Pizzi convencer Fernando Santos a dar-lhe a titularidade na equipa nacional. Já faltou mais. Até porque, sempre que foi chamado a atuar, nunca desiludiu.