Afinal, o histórico défice de 2% do PIB foi conseguido à custa de cativações. Ou seja, o governo não permitiu certas despesas, pondo em causa a prestação de certos serviços públicos, para compensar a reversão dos cortes nos salários da função pública e das pensões.
Aquilo de que se suspeitava – porque o dinheiro não é elástico – está hoje à vista: o plano B do socialismo é pagar clientelas, mesmo que à custa do Estado. António Costa e o seu círculo político perceberam que a única forma de o PS não seguir o caminho de outros partidos socialistas europeus é através da compra de votos. E qual cacique dos tempos modernos, Costa prometeu benesses pagas com fundos públicos, mesmo que à custa do bem comum.
Para piorar a narrativa, e como o crescimento económico dos últimos meses foi conseguido à custa de mais dívida, lá chegará o dia, ou porque já não há condições para pagar mais benesses ou porque o Estado falhou outra vez como aconteceu em Pedrógão e em Tancos, em que acordamos outra vez para a realidade.
Esse momento será cómico, para não dizer triste. Aquele em que Bloco e PCP lavarão as mãos e se tentarão salvar a qualquer custo. Quais ratos, saltarão borda fora na esperança de escaparem e acusarem outros da desgraça para a qual contribuíram. Exímios que são nessa prática política, que agora se considera uma arte, não terão dificuldades em prevalecer. Não deixa de ser curioso como o socialismo se modernizou ao ponto de pôr em causa a boa execução das funções próprias do Estado.
Advogado
Escreve à quinta-feira