Emprego. Remuneração mais baixa e estabilidade a diminuir desde 2013

Emprego. Remuneração mais baixa e estabilidade a diminuir desde 2013


Estudo revela que empregos criados desde 2103 são mais instáveis e mal pagos do que antes de 2008. Taxa de desemprego nos 9,4%


Os empregos criados em Portugal desde 2013 são menos estáveis e menos bem remunerados do que antes de 2008. A conclusão é de um trabalho do Centro de Estudos Sociais da Universidade de Coimbra revelado ontem.

De acordo com o estudo “Novo emprego. Que emprego?” da autoria de João Ramos de Almeida, a que o i teve acesso e que teve como base a análise aos fundos de compensação do trabalho, há uma “tendência para a redução do peso dos contratos permanentes na estrutura do emprego por conta de outrem no setor privado”, a “dominância de uma miríade de tipos de contratos não permanentes” e “os dados disponíveis expõem uma tendência de degradação da remuneração do trabalho”.

Os dados estatísticos do emprego em Portugal do Instituto Nacional de Estatística (INE) mostram que, entre janeiro de 2013 e abril de 2017 (últimos dados disponíveis), foram criados 348 mil postos de trabalho (nos setores privado e público).

Serviços

De acordo com o investigador, que ontem apresentou as conclusões do barómetro no parlamento, “no novo emprego, os contratos permanentes são apenas um terço, ao contrário do passado, em que os contratos permanentes eram dominantes”. Além disso, “a esmagadora maioria dos novos contratos são de ramos dos serviços e a remuneração média dos novos contratos está muito próxima do salário mínimo nacional, entre 2013 e 2017”.

De acordo com Ramos de Almeida, “houve uma renovação dos contratos” e “cerca de 25% dos novos contratos criados até 2015 eram com menos de dois meses de duração, podendo abranger o mesmo trabalhador várias vezes”.

O investigador disse ainda que “a partir de 2013 houve uma retoma do emprego, mas o nível salarial médio e de ganhos tem decrescido. Desde outubro de 2013 até maio de 2017 houve 3,3 milhões de novos contratos, 2,2 milhões de contratos cessados”.

Discrepância

As conclusões do estudo afirmam que “em termos gerais, os dados agora disponibilizados indiciam que a recuperação do emprego está a ser acompanhada por um aumento da instabilidade dos vínculos contratuais, instabilidade essa que caminha a par de uma estagnação ou mesmo recuo da retribuição salarial”.

Os números, acrescenta o documento, revelam “discrepância entre a melhoria evidente dos indicadores globais do emprego e as condições objetivas em que se encontram os novos contratados, na sua grande maioria afetados por condições de emprego muito incertas, pouco seguras e mal remuneradas”.

Também ontem, a OCDE revelou que a taxa de desemprego em Portugal baixou de 9,5% em abril para 9,4% em maio. Portugal é o quinto dos 35 países-membros da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico (OCDE) com mais pessoas desempregadas.

No conjunto da OCDE havia em maio 36,8 milhões de de-sempregados. Destes, 485 mil dizem respeito a Portugal.