No que diz respeito, em específico, ao Parlamento Europeu (PE), a sua credibilidade foi atingida por mais uma golpada quando, na semana passada, o presidente da Comissão Europeia, Jean-Claude Juncker, sem papas na língua, não arranjou um adjetivo mais suave que “ridículo” para caracterizar aquela instituição. Diante dele encontrou um número irrisório de deputados (30 dos 751) numa sessão plenária com a finalidade de fazer o balanço do primeiro semestre de 2017 do Conselho Europeu.
Rapidamente vieram as explicações e ficámos a saber que os eurodeputados tinham mais que fazer do que pensar em balanços: ora tinham outras reuniões na agenda que mereciam mais atenção, ora estavam no conforto dos seus gabinetes a preparar intervenções para outros contextos. Então, ao que parece, os eurodeputados presentes nada tinham de útil para fazer. Entre os presentes, no tocante aos portugueses, estaria presente apenas Marinho Pinto, o homem que se propunha moralizar a política portuguesa e europeia.
No passado, o PE foi criticado por várias razões: distanciamento entre os eleitos e eleitores, mordomias dos parlamentares sem controlo por parte do contribuinte, desresponsabilização dos eleitos, entre outras. A sua imagem de entidade pesada, burocrática, ineficaz e cara fica agora reforçada por um laxismo absolutamente lamentável que em nada beneficia a procura de maior legitimidade que há muito perseguem os construtores europeus. A impressão que perpassa para o “povo europeu” é que a burocracia partidária, o empenho dos nossos políticos e o desempenho das instituições que nos representam têm a mesma falta de vergonha em todas as circunstâncias. Naturalmente que a gravidade deste caso tem origem no facto de ser o próprio presidente da Comissão Europeia, sem qualquer espécie de pudor e de sentimento de respeito institucional, a contribuir para a já descendente participação nas eleições europeias e para o desprezo dos cidadãos pelas instituições representativas. De resto, partidos como a Frente Nacional agradecem e, em geral, movimentos nacionalistas e eurocéticos aplaudem com agrado um reconhecimento institucional, ao mais alto nível e amplamente difundido pela comunicação social, da sua retórica, que há muito acusa as instituições europeias de ineficiência, inutilidade e desleixo.
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