Fuga de informação foi antes do exame nacional de Português

Fuga de informação foi antes do exame nacional de Português


Investigadores já analisaram a mensagem que circulou entre estudantes. Comprovou-se que a fuga aconteceu, pelo menos, dois dias antes


Os investigadores do Ministério Público (MP) e da Inspeção Geral da Educação (IGEC) já não têm grandes dúvidas que a fuga de informação sobre o exame nacional de Português do 12.º ano decorreu antes da realização da prova.

De acordo com o Expresso, a análise ao conteúdo da mensagem áudio que relata os tópicos do exame afasta “qualquer hipótese de ter existido uma mera coincidência” na informação divulgada pela aluna. Além disso, de acordo com o jornal, já está comprovado que a mensagem circulou entre os alunos, através da aplicação WhatsApp, pelo menos dois dias antes da realização da prova por mais de 74 mil estudantes. Indicação que também tinha sido dada pelo professor Miguel Bagorro, que denunciou ao Ministério da Educação a fuga de informação

A dúvida sobre a data da mensagem áudio com a informação foi a principal justificação apresentada pelo ministro da Educação para decidir não anular o exame nacional.

Apesar das fortes suspeitas da fuga de informação, Tiago Brandão Rodrigues garantiu, mais de uma semana depois da realização do exame, que “não está em cima da mesa, nem esteve e nem foi equacionada a possível anulação da prova”.

Na altura, acrescentou o ministro, caso seja comprovada a fuga, “o ministério agirá civil, disciplinar e criminalmente contra o seu autor ou autores” e “se alguém saiu beneficiado por essa fuga de informação, de forma comprovada, obviamente que sofrerá as consequências que estão inscritas nos regulamentos”. Ou seja, terá o exame anulado. Mas será muito difícil à tutela provar que um aluno foi beneficiado por alegadamente ter tido acesso previamente a informação sobre o exame.

Resta saber se comprovada a fuga antes do exame se mantém a decisão sobre a prova. Recorde-se que as notas dos exames nacionais são um dos principais critérios na hora de concorrer a uma licenciatura numa universidade ou politécnico.

Por isso, o i voltou ontem a insistir com o Ministério da Educação e questionou a tutela se a decisão se mantinha. Tiago Brandão Rodrigues não respondeu.

Mensagem circulou entre alunos de escolas de Lisboa

A investigação já concluiu também que a mensagem circulou entre alunos de algumas escolas de Lisboa. Uma delas é o Colégio dos Salesianos, que recebeu na semana passada uma equipa de investigadores da IGEC e do MP. Segundo o Expresso, é esta a escola frequentada pela aluna que fez a gravação.

Segundo a aluna, que não se identifica na gravação áudio, a informação dos tópicos do exame terá chegado aos estudantes através de uma explicadora que será presidente de um sindicato.

Depois de confirmar que os tópicos corresponderam ao conteúdo do exame, a suspeita foi suficientemente forte para a tutela ter pedido uma investigação ao Ministério Público e à Inspeção-Geral da Educação.

Há, pelo menos, 20 anos que nenhum exame nacional é anulado por suspeita de fuga de informação.