lll Paterson pode ser uma cidade em Nova Jérsia ou pode ser nome de motorista de autocarro que escreve poemas. Ou pode ser isso tudo, no último filme de Jim Jarmusch, “Paterson” e Adam Driver também. Carreira que não vai longa, pelo contrário, mas vai segura.
Depois de “Lincoln”, de Steven Spilberg (2012), “A Propósito de Llewyn Davis”, dos irmãos Cohen (2013), de lhe entregarem o papel do novo vilão da saga das estrelas no capítulo estreado no final de 2015, “Star Wars: The Force Awakens” e de Martin Scorsese lhe ter confiado o papel de um dos jesuítas perseguidos num Japão contra o catolicismo no seu querido (apesar de falhado) “Silêncio”, Adam Driver chega-nos no papel mais à sua medida depois de “Girls”, a série com que Lena Dunham o apresentou ao mundo e que o ajudou a fazer-se um dos mais singulares atores da sua geração.
Agradecer a ela e agora a Jim Jarmusch, por história de amor e de poemas e da vida normal, elogio da rotina que só tem que ser banal se se quiser. Filme-poema, é isso “Paterson”, filme sem passado, que nada importa nesta história em que conhecemos Paterson ao lado de Laura (pela igualmente brilhante Golshfiteh Farahani), mulher da sua vida sem que se perceba bem porquê. Ou talvez sim, porque também a sua vida são os poemas. Poemas que correm o ecrã como se Paterson os escrevesse connosco. Mas é Adam Driver que faz este filme, no improvável papel do tipo normal que não será nunca, nem podia.