Sinceramente, há coisas que me fazem uma confusão dos diabos – drones a voar nas áreas limítrofes de um aeroporto, qualquer que este seja. Quando escrevo isto, parece que só em junho foram sete a passar rasantes a aviões em processo de aterragem em Lisboa e sei lá quantos mais vão ser nos próximos dias… outro dia, foi mais um, a cerca de 900 metros de altitude?! Dá para acreditar? Será que aqueles que os dominam não sabem o perigo que correm os aviões e seus passageiros? Claro que sabem! Por isso fico mais revoltado ainda, a pensar o que mais é preciso fazer (legislar) para evitar andarmos aqui todos a chorar mais uma desgraça – tipo “leite derramado”.
Decidi ler umas coisas e fiquei ainda mais revoltado. Descobri que legislação europeia não existe – apenas prevista para 2019. Ou seja, tudo montado para correr mal. Continuo as minhas averiguações e descubro que há uma legislação nacional – regulamento 1093/2016 – que é muito interessante mas tem um pequeno detalhe: proíbe os drones a mais de 120 metros de altura nas áreas de aproximação aos aeroportos. Fixe – mas há um detalhe que parece que alguém esqueceu: Lisboa é uma das poucas cidades europeias que tem o aeroporto dentro da cidade. Que significa isto? Apenas e só que Lisboa não pode ter drones! Ou seja, tudo para correr ainda pior!
Críticas feitas, a questão é: o que pode e deve ser feito para se evitarem estes abusos lamentáveis dos proprietários dos drones que os manipulam a bel-prazer? Aqui fica uma sugestão simples: registo obrigatório de propriedade e GPS incorporado nos aparelhos para se saber quem anda a brincar com a segurança aérea. Ao mesmo tempo, legislação punitiva a sério que desencoraje estes novos piratas do ar antes que haja desgraça nacional. Acredito piamente que, com ambas as medidas, fáceis de legislar, se combate este flagelo.
Uma palavra final para a importância inequívoca dos drones: reitero que nada tenho contra a sua existência. Podem ter papel muito relevante como, por exemplo, na prevenção de fogos, agora que temos as matas bem ardidas e a alma coletiva ainda chocada com as 64 mortes de Pedrógão. Ou por motivos de segurança nacional ou municipal. Ou outras, talvez simples, que nem imagino. Mas legislada a sua existência e controlada integralmente a sua localização!
P. S. Alguém me explica duas coisas? (i) O presidente da Santa Casa que informou mal o líder da oposição sobre o caso dos suicídios ainda não se demitiu? (ii) Passos Coelho já não é inexperiente e deve saber que com a morte não se brinca; há demasiada informação e contrainformação no ar e, num caso como este de Pedrógão, acho que devia haver um pacto de regime, ou seja, os políticos não deviam fazer política, deviam unir-se para não voltar a acontecer, porque o luto nacional perpassa nos partidos, devendo ser desígnio nacional. Investigue-se, com drones se quiserem, mas sobretudo com a consciência nacional de que o respeito pela desgraça deve imperar. Era tão fácil ter dito: “No PSD, não fazemos política com desgraças nacionais – unimo-nos ao governo!”