Expetativa para melhoria do rating  no futuro próximo

Expetativa para melhoria do rating no futuro próximo


Ministro da Economia falou no Horasis Global Meeting, ocasião de eleição para conseguir atrair investimentos


O ministro da Economia tem a expetativa de que o rating de Portugal melhore “ainda neste ou no próximo ano” e o comissário europeu para a Investigação, Ciência e Inovação considera que Portugal “ganhou credibilidade” com a saída do procedimento por défice excessivo (PDE), o que, segundo o antigo presidente do Tribunal de Contas, não deve ter uma “leitura triunfalista”.

Ontem, na conferência Horasis Global Meeting – ocasião de eleição para conseguir atrair investimentos –, em Cascais, o responsável pela pasta da Economia salientou que “os números do défice, do crescimento económico e do emprego este ano justificam, naquilo que é a análise normal dos ratings [avaliação], uma revisão”.

Manuel Caldeira Cabral diz que os dados justificam uma revisão, a começar pela perspetiva de evolução, já no segundo semestre, e depois numa revisão em alta, no princípio de 2018.

“Não estamos a pedir nem a defender que nos façam um favor, mas só uma análise justa, e hoje Portugal está em melhor situação, com números muito mais positivos”, acrescentou. O ministro considera haver “algum conservadorismo” das agências de rating na mudança destas avaliações e que “demoram um certo tempo, mas os números já são suficientemente sólidos e os do terceiro trimestre vão confirmar a solidez do crescimento, e serão suficientes para começar o processo de subida do rating, que demorará o seu tempo, mas deverá acontecer”.

 

A questão da dívida

Num almoço-conferência durante o Horasis Global Meeting, Caldeira Cabral foi questionado sobre como Portugal vai lidar com os 130% de dívida pública. “O elemento-chave é controlar a despesa pública e fomentar o crescimento”, respondeu o governante.

“Usar os fundos estruturais para financiar investimentos, imprimir confiança nas pessoas, não reduzindo salários nem pensões, e acelerar a captação de investimento direto estrangeiro” são as três medidas mais importantes para melhorar os indicadores económicos.

Outros eventos Horasis têm sido palco de atração de investimentos e o fundador destes Global Meetings considera que “claramente” há esta possibilidade neste encontro que pela primeira vez se realiza em Portugal. “O que aqui fazemos – tentando facilitar acordos, organizar reuniões, promover o país – fazemos porque Portugal é o novo lugar para o diálogo global. E isso também significa investimento global”, resume Frank-Jürgen Richter ao i.

“Temos cerca de 50 empreendedores bilionários a participar: chineses, europeus, de África, etc. É claro que o investimento vai acontecer, mas não gosto de fazer promessas”, acrescenta. Frank-Jürgen Richter trouxe, no ano passado, o “primeiro grande investidor indiano” para Portugal: uma farmacêutica cujo CEO “se apaixonou pelo país”, conta. “E virão mais”, garante o fundador de um encontro conhecido com “mini-Davos” e que é casado com uma portuguesa.

 

Credibilidade

Ontem, a conferência Horasis Global Meeting foi aberta pelo ex-presidente da Comissão Europeia José Manuel Barroso e encerrada pelo primeiro-ministro, António Costa.

Também ontem, em entrevista à TSF e ao “DN”, o comissário europeu Carlos Moedas considerou que, com a saída do procedimento por défice excessivo, Portugal tem “credibilidade para levantar a voz, para dizermos aquilo que queremos, para avançar com reformas que outros não querem e que para nós são tão importantes”. Moedas considera que isso “é bom para o país no seu todo”.

Já o antigo presidente do Tribunal de Contas Guilherme d’Oliveira Martins defende que não se deve ter uma “leitura triunfalista” da recomendação para a saída de Portugal do procedimento por défice excessivo, momento que classificou como “necessário e justo”.

Segundo o antigo ministro, relativamente à recomendação da Comissão Europeia deve ter–se “uma leitura muito realista”, uma vez que se trata de “uma enorme responsabilidade”.“A saída deve-se fundamentalmente à resposta positiva da economia portuguesa relativa aos estímulos que teve”, referiu o atual administrador da Fundação Calouste Gulbenkian.

com Sebastião Bugalho