Liga dos Campeões. 15 minutos de fogo não chegam para apagar este Real

Liga dos Campeões. 15 minutos de fogo não chegam para apagar este Real


O Atlético entrou arrasador e marcou dois golos de rajada. Depois, Ronaldo descobriu Benzema, Isco marcou e a eliminatória ficou sentenciada: o Real está na final com a Juventus


Foi um jogo enorme até aos 42 minutos, a fazer jus ao que tem sido esta Liga dos Campeões. Houve um tufão colchonero à solta nos primeiros 15 minutos no adeus europeu do Vicente Calderón que varreu o Real por todos os lados – o problema é que após esse quarto de hora, o vendaval passou e os merengues ainda não estavam mortos. Como se viu a três minutos do intervalo, quando Benzema resolveu soltar o seu génio, desafiar o mundo e entregar o golo a Kroos. Oblak ainda fintou o destino com uma enorme intervenção, mas como nestas andanças é quase impossível anular toda a gente numa equipa grande – por mais que os defesas se rasguem em entrega e compromisso, aparece sempre mais um adversário –, lá estava Isco, matreiro, à espera para o encosto fatal.

E assim ficou selada a segunda qualificação consecutiva do Real Madrid para a final da Champions – pela primeira vez desde 1960 –, às custas de um Atlético que tem crença para toda a vida, mas a quem faltam os argumentos dos verdadeiros bichos-papões.

Não se deixa benzema à solta

Nestas coisas do desporto, a história não joga mas conta muito, já se sabe. Logo à partida, o Atlético sabia que o Real nunca havia desperdiçado uma vantagem de três golos, além de ter sido sempre superado pelos merengues nas quatro ocasiões em que já se encontraram nesta competição. Mas os homens de Diego Simeone têm uma alma que nunca acaba e voltaram a mostrá-lo pela enésima vez.

A entrada em jogo foi alucinante: Griezmann fez o primeiro remate logo aos dois minutos, deixando o aviso. Aos cinco, Koke obrigou Navas à primeira grande defesa da partida, e logo a seguir El Niño Torres cabeceou perto da barra. No lance seguinte, através de uma bola parada, o Real respondeu, com Oblak a deter de forma incrível um cabeceamento de Casemiro. Mas só dava Atlético, e aos 12’ os esforços dos colchoneros foram finalmente recompensados: na sequência de um canto, Saúl Ñíguez desviou de cabeça para o fundo das redes. Renascia a esperança colchonera, que mais se agudizou aos 15’, quando Varane derrubou Torres (de forma muito ingénua, sublinhe-se) na área merengue. Griezmann converteu o penálti e o Vicente Calderón pegava fogo – até porque, na última vez em que os colchoneros haviam ganho uma vantagem de dois golos sobre o Real tão cedo, tinham acabado com uma vitória por 4-0, precisamente o resultado que ontem lhes garantia o acesso à final.

Mas – e porque há sempre um mas – ainda havia muito por jogar. E a verdade é que o Real, depois da entrada de rompante do adversário, soube reorganizar-se, cerrar fileiras e voltar ao jogo – não houve registo de mais nenhum lance perto da baliza de Navas depois do 2-0. E eis que, a três minutos do intervalo, surgiu a jogada incrível de Benzema, que lançado de forma rápida por Cristiano Ronaldo, deixou para trás três defesas do Atlético, mantendo a bola jogável junto à linha quando nada o fazia crer, e serviu Kroos, com Isco a marcar na emenda.

Os velhos fregueses

O golo afetou muito o Atlético, que na segunda parte já não teve o engenho suficiente para voltar a discutir a eliminatória – ficou-se pela jogada onde Navas fez um verdadeiro milagre, negando o golo a Carrasco, primeiro, e Gameiro depois. A vitória acaba por ter um sabor muito amargo para os colchoneros, que ainda assim aumentaram o registo de jogos sem perder em casa para a Champions: já lá vão 11. A última equipa a sair do Vicente Calderón com uma vitória foi o Benfica, na época passada.

Segue-se agora para o Real a final em Cardiff, País de Gales. Uma reedição da partida decisiva de 97/98, então decidida para o lado madrileno com um golo do sérvio Mijatovic (1-0). Se os merengues estarão na 15ª final do seu historial, já a Juve chega pela nona vez ao jogo decisivo. As vitrinas, porém, mostram uma grande diferença: o Real venceu 11 das 14 finais que já disputou; a Vecchia Signora só saiu com o caneco em duas ocasiões.