França. Insoumises de Mélenchon não pensam em votar Macron

França. Insoumises de Mélenchon não pensam em votar Macron


Só um terço defende voto no candidato centrista. Os outros apoiantes preferem voto branco, nulo ou abstenção. 


O movimento da esquerda distante do centro liderado por Jean-Luc Mélenchon não vai defender o voto em Emmanuel Macron na segunda volta contra Marine Le Pen, de acordo com os resultados do referendo interno organizado no fim do primeiro turno, anunciados esta terça-feira. O voto na candidata da extrema-direita nunca foi uma opção na consulta – “nem um voto para a Frente Nacional!” – explicou então o movimento, dizendo que o que estava em questão era saber se o movimento das esquerdas se declararia a favor do único candidato em posição de travar o caminho de Le Pen ao Eliseu. 

Macron pode ser o último obstáculo entre a extrema-direita e o poder, mas é igualmente  um antigo banqueiro de investimentos, ex-ministro da Economia de François Holllande e, apesar de se posicionar no centro, recomenda uma série de reformas liberais, incluindo o despedimento de dezenas de milhares de funcionários públicos, por exemplo. A resposta do referendo online foi publicada esta terça e o apoio a Macron não foi a opção mais escolhida por pouco. Ficou em segundo lugar, com 84.682 votos, ou 34,8%, perdendo para a opção de um voto em branco ou nulo, com 36,1% e 87.818 votos. A abstenção ficou em terceiro, com 29% e 70.628 votos eletrónicos. 

Mélenchon e o seu movimento foram criticados por não se declararem imediatamente por Macron, como fizeram os derrotados socialistas e gaulistas, defendendo a chamada “barreira republicana” que em 2002 já se unira para travar caminho a Jean-Marie Le Pen. O líder do movimento, que há 15 anos reclamou enfaticamente o voto em Jacques Chirac contra a Frente Nacional, recusou declarar-se por Macron na noite da primeira volta, o que iniciou um debate sobre as semelhanças (exageradas) entre o seu programa e o de Le Pen, a quem estaria a abrir caminho – apesar das críticas, uma sondagem conduzida pelo “Le Monde” conclui que apenas 9% dos eleitores da esquerda radical estão dispostos a votar na Frente Nacional, contra cerca de um terço dos apoiantes do centro-direita de François Fillon. 

O France Insoumise afirma esta terça que os resultados do referendo não devem ser confundidos como uma recomendação de voto e que se tratam, em vez disso, de uma forma de dar voz aos seus apoiantes acerca da segunda volta. O Partido Comunista Francês, que tem alguns setores presentes nos Insoumises, lamentou o resultado: “Enquanto Marine Le Pen se encontra às portas do poder, o resultado da consulta da France Insoumise pode ser apenas um fotografia, mas não deixa de ser má notícia”, declarou o partido. “Não vou modificar o meu projeto para convencer eleitores que não votaram em mim na primeira volta”, lançou esta terça Emmanuel Macron, respondendo a Mélenchon, que lhe pediu um “gesto” para convencer os seus Insoumises.