Os lacaios do sistema respiraram de alívio no fim da primeira volta das presidenciais francesas. Os burocratas da moribunda União Europeia beberam umas taças de champanhe na noite de 23 de abril. A Alemanha da patroa europeia Merkel encheu o bandulho de cerveja com a vitória de Macron na primeira volta.
Todos suspiraram de alívio. Os moribundos de dentro e fora de França suspiraram de alívio. Os lacaios mais reles andam por aí a dizer que a escolha para a segunda volta é entre o medo e a esperança. Leia-se o medo de Marine ser eleita e a esperança de Macron chegar ao Eliseu. É preciso não ter vergonha na cara.
A V República, dominada por conservadores e socialistas, está mais do que moribunda. A economia está estagnada, a indústria, decapitada, milhões de de-sempregados, estado de emergência com a tropa na rua, islamização assustadora da sociedade, submissão total à Alemanha, irrelevância do ponto de vista internacional.
É esta a França em abril de 2017, cinco anos depois de François Hollande ter chegado ao Eliseu, com os socialistas e a esquerda europeia a encherem as ruas de lágrimas de alegria. É esta a França decadente que os sucessivos presidentes de esquerda e direita destruíram ao longo de dezenas de anos.
Macron é mais do mesmo. Um produto Hollande que é não uma esperança, mas um verdadeiro susto para milhões de franceses. Os números da primeira volta falam por si. Socialistas e republicanos tiveram um quarto dos votos, quase metade dos franceses votaram em candidatos que não querem mais ver a França submetida à ditadura de Berlim e Bruxelas, mais de 50% dos jovens votaram contra a União Europeia e Marine Le Pen teve o maior número de votos de sempre da Frente Nacional.
É esta a realidade. O resto são fake news de lacaios militantes que ainda não perceberam que valem pouco ou mesmo nada em matéria de influência eleitoral e que repetem até à exaustão fantasmas do racismo, da xenofobia e do fascismo, na tentativa vã de levarem as pessoas, pelo medo, a adiar a morte anunciada não só da v República como da própria União Europeia.
Bem fez Jean-Luc Mélenchon ao mandar para as urtigas os que esperavam uma declaração de apoio ao boneco Macron, que avança para a segunda volta com Hollande, Fillon e Hamon ao seu lado. Bem fez Jean-Luc Mélenchon em recusar alinhar na conversa do medo dos suspeitos do costume, dos homens e mulheres que, em França e fora dela, se alimentam do sistema corrupto e decrépito que atira milhões e milhões para o desemprego e se põe de cócoras perante a islamização e o terrorismo. Sim, Macron, o produto Hollande, vai ser eleito presidente de França no dia 7 de maio. Sim, os franceses vão viver mais cinco anos de susto e desespero. Sim, os franceses e a Europa vão assistir ao espetáculo delirante da formação do governo depois das legislativas de junho, com socialistas, republicanos e outros quejandos em bicos dos pés para chegarem à vasta mesa do orçamento, alimentada pelos enormes impostos pagos por quem não pode fugir do assalto fiscal da v República. Sim, os franceses vão assistir em junho a mais uma enorme votação na Frente Nacional, que só o iníquo sistema eleitoral impede de ter uma representação maior na Assembleia Nacional. Sim, os franceses vão viver mais cinco anos de pesadelo, de medo dos islamitas e do terrorismo. Sim, os franceses vão assistir e viver mais cinco anos de decadência económica. Sim, os franceses vão viver mais cinco anos de dependência e submissão aos ditames de Bruxelas e de Berlim.
Mas, em 2022, a Europa e o mundo vão ver chegar ao Eliseu Marine Le Pen. Daqui a cinco anos, a França pode ter de novo a esperança de ver como presidente alguém capaz de dar um valente pontapé no sistema, na corrupção, na decadência e na subserviência a Bruxelas e a Berlim. Daqui a cinco anos, o susto e o pesadelo vão dar lugar à esperança. Daqui a cinco anos, a islamização e o terrorismo vão ser combatidos de frente, com determinação e coragem. Daqui a cinco anos, a França vai começar uma nova era. Daqui a cinco anos, a v República, e tudo o que representa, vai parar onde merece. Ao caixote de lixo da História. Daqui a cinco anos, a União Europeia, e tudo o que representa, vai parar onde merece. Ao caixote de lixo da História.
Jornalista