Revolução francesa


A 27 de maio de 2015 tive oportunidade de escrever para o “Diário Económico” sobre a revolução que estava a acontecer em França. Aí referi que, contrariamente ao que se pensa, a França não estagnou, debatendo-se nos últimos anos com uma mudança na discussão política. 


Nessa altura referi–me ao livro de Éric Zemmour “Le suicide français”, publicado em 2014, que foi um sucesso de vendas e no qual o autor culpa o Estado republicano e laico pelo enfraquecimento do poder político.

Outro autor é Alain Finkielkraut, cujo livro “L’identité malheureuse” tem dado que falar. Finkielkraut é tão ou mais crítico que Zemmour, embora procure soluções mais razoáveis. “L’identité malheureuse” aborda de um modo politicamente incorreto a imigração e a ferida que esta provocou na identidade francesa. O capítulo sobre o laicismo é sublime na forma como defende o ensino público e na crítica ao mau uso que a hipocrisia dele fez.

Esta revolução de pensamento que referi em 2015 fez-se à direita e faz-se agora notar nas eleições presidenciais de 2017. Como? Com o descalabro do PS francês, com o discurso de Fillon, que só não vencerá devido ao caso dos empregos fictícios, e com o surpreendente surgimento de Macron. Este, com um discurso relativamente moderado, quer cortar com o passado e, caso vença e imponha o seu partido nas legislativas, pode ser o novo De Gaulle francês, que ele tanto admira. A revolução francesa a que assistimos é prova de que um verdadeiro debate político pode mudar a política. Se com resultados, isso veremos depois. 

Advogado 
Escreve à quinta-feira