Novo Banco. Ramalho acredita que venda poderá estar concluída durante o verão

Novo Banco. Ramalho acredita que venda poderá estar concluída durante o verão


Banco fechou 2016 com prejuízos de 788,3 milhões. Ainda assim, representa uma melhoria face às perdas de 949,5 milhões em 2015


O presidente do Novo Banco, António Ramalho, está otimista em relação à venda da instituição financeira e acredita que poderá estar “concluída por altura do verão ou um pouco mais tarde”. Para o responsável, a proposta da Lone Star “tem o equilíbrio necessário para dar os passos necessários à sua conclusão”, referiu durante a apresentação de resultados da instituição financeira, que registou prejuízos de 788,3 milhões de euros em 2016. Ainda assim, representa uma melhoria de 15,2% em relação aos resultados negativos de 2015, que tinham sido de 949,5 milhões de euros.

A verdade é que a venda continua em risco porque precisa de obedecer a três requisitos: autorização do Banco Central Europeu, da Direção Geral da Concorrência e a troca de obrigações tem de ser realizada com sucesso, com vista a encaixar a 500 milhões de euros. Em relação a esta última operação, o presidente do Novo Banco diz “que o investidor ficará satisfeito se tiver um ativo de menor risco”. E deu um exemplo: “Se uma obrigação tem uma taxa de 7,5% é porque há risco nesse ativo. Acredito que o investidor ficará satisfeito se ficar com um ativo de menor risco”. O responsável revelou ainda que as linhas de obrigações abrangidas por esta oferta de troca estão avaliadas em 3200 milhões nas contas do Novo Banco no final de 2016.

Já em relação aos processos judiciais, António Ramalho refere que “o banco está acostumado a conviver com processos judiciais. Todos merecem uma análise, mas não acreditamos que haja neste momento risco para a operação de venda”.

Esta é a resposta do presidente do Novo Banco a um processo que já deu entrada em tribunal por parte de um grande grupo de credores liderado pelos gigantes BlackRock e Pimco. Em causa está a transferência de cinco linhas de dívida do Novo Banco para a massa falida do BES, ou o chamado “banco mau”. Este grupo de grandes investidores tinha investido 2,2 mil milhões de euros em obrigações seniores do Novo Banco. No final de 2015, o Banco de Portugal decidiu transferir essa parte do crédito do Novo Banco para a esfera dos ativos do BES, medida que resultou em perdas de 1,5 mil milhões de euros para os clientes destas gestoras de ativos.

Imparidades A instituição financeira liderada por António Ramalho lembra que reforçou as provisões para imparidades, atingindo os 1374,7 milhões de euros, mais 316 milhões que em 2015. E explica que as imparidades destinam-se a cobrir eventuais perdas com créditos no valor de 672,6 milhões de euros, com títulos (315,9 milhões) e com custos de reestruturação (98,2 milhões de euros).

O presidente do Novo Banco garante: “Estamos a registar as imparidades adequadas aos momentos em que atuamos. As características próprias do nosso balanço e da carteira de ativos leva-nos a ser cautelosos”, salienta.

Já o resultado operacional foi positivo e fixou-se nos 386,6 milhões de euros, duplicando o valor de há um ano, o que o banco explica pela “melhoria do produto bancário e redução dos custos operativos”.

O produto bancário aumentou em 11,1% face a 2015, para o que contribuiu o comportamento do resultado financeiro (+14,2%) e dos resultados de operações financeiras (+25,2%). Já os custos operacionais baixaram em 21,7% para 590,9 milhões de euros, ou seja, menos 164 milhões face ao ano anterior.

No que se refere ao banco mau, o seu valor era de 8737 milhões de euros, líquido de provisões, em 31 de dezembro de 2016. Este montante compara positivamente com os 10 843 milhões de euros a 31 de dezembro de 2015.

O Novo Banco apresentou, assim, no final do ano um rácio de capital regulamentar (common equity tier 1) de 12%, abaixo dos 13,5% que tinha em dezembro de 2015.

Plano de reestruturação O Novo Banco sublinha que os “objetivos fixados no plano de reestruturação foram integralmente cumpridos. Assim, e relativamente a novembro de 2015 (data de referência para efeitos dos compromissos assumidos com a DG Comp no âmbito do plano de reestruturação), o número de colaboradores reduziu-se em 1312 (incluindo as atividades em descontinuação), face ao objetivo estabelecido de redução de mil a 31 de dezembro de 2016. A instituição financeira acabou por terminar o ano com um total 6096 colaboradores, sendo 5687 na atividade doméstica.

Já a rede distribuição foi reduzida para 537 balcões (objetivo: 550 a 31 de dezembro de 2016) apresentando uma redução de 116 unidades. A redução dos custos operativos ultrapassou a meta estabelecida (menos 150 milhões a 31 de dezembro de 2016)”, conclui o banco.

“Já atingimos o número de redução de trabalhadores “mais ambicioso” do que aquele que estava previsto em 2016”, esclarece, mas garante que “o objetivo de redução [de colaboradores da instituição] vai manter-se”.

António Ramalho não quis garantir se irá permanecer no cargo, dizendo apenas “perguntem ao acionista”. A verdade é que a Lone Star, em fevereiro, assumiu que o presidente iria continuar à frente da instituição financeira.

Quanto aos lesados do BES deixa uma garantia: “Julgo que a partir de segunda-feira vão começar a ser enviadas as propostas para que possam ser avaliadas”.