«Tenho pensamentos que, se pudesse revelá-los e fazê-los viver, acrescentariam nova luminosidade às estrelas, nova beleza ao mundo e maior amor ao coração dos homens», a frase é de Fernando Pessoa, mas poderia ser dita por qualquer criança ou jovem portador de Perturbações do Espetro do Autismo (PEA). Assim acredita a Associação Portuguesa para as Perturbações do Desenvolvimento e Autismo de Leiria (APPDA-Leiria).
Esta Instituição Particular de Solidariedade Social nasceu em 2009 pelas mãos – talvez a palavra mais adequada até seja voz – de um grupo de pais preocupados com o presente e o futuro dos seus filhos portadores de PEA.
«Os objetivos gerais são apoiar o estudo desta patologia e promover a qualidade de vida das pessoas com PEA e das suas famílias, através da implementação de respostas sociais especializadas nas especificidades desta problemática», explicou ao SOL o presidente da direção da APPDA-Leiria, João Teodósio.
O autismo é uma perturbação global do desenvolvimento infantil que se prolonga por toda a vida e evolui com a idade.
As crianças com PEA, cujo diagnóstico geralmente é feito pelos 3 anos de idade, embora seja possível detetar alguns sinais aos 18 meses, têm dificuldades muito específicas ao nível da interação social, da aquisição e uso convencional da comunicação e da linguagem. «A comunicação, tanto verbal como não-verbal, é deficiente e desviada dos padrões habituais. Muitas pessoas com autismo, estima-se que cerca de 50%, não desenvolvem linguagem durante toda a sua vida», sublinhou o responsável.
Dificuldade em comunicar com tanto para dizer ao mundo
A associação pretende assim «dar voz ao autismo, nomeadamente através de equipamentos de comunicação aumentativa que possam proporcionar às crianças e jovens formas divergentes de comunicar consigo próprios e com o mundo que os rodeia». A forma como o meio ambiente aceita e lida com estas crianças e jovens é determinante para o seu desenvolvimento e a sua inclusão social.
Para João Teodósio, os equipamentos de comunicação aumentativa são essenciais para o desenvolvimento da autonomia das crianças. Ajudam também as famílias ao trazerem estrutura ao ambiente em casa. Mas para os adquirir a APPDA-Leiria precisou de ajuda e recorreu ao Novo banco Crowdfunding. Através desta plataforma, angariou 2.097 euros, 135% do objetivo inicial de 1.556 euros.
Graças ao valor dos 62 donativos, a associação tem agora um monitor tátil TFT, um software para comunicação aumentativa e acesso ao computador (GRID 2), um software para criação de quadros de comunicação e atribuição de ações a diferentes comandos (BM & SPD), um manípulo Jelly Bean para auxílio à manipulação do software e um dispositivo para ligação de manípulos (INPROMAN 2).
Os equipamentos «possibilitaram a comunicação mais facilitada» às 72 crianças e jovens que a APPDA-Leiria apoia através das três respostas sociais de que dispõe: um centro de atendimento, acompanhamento e reabilitação para pessoas com deficiência; um centro de atividades ocupacionais; e um lar residencial.
Atualmente, a necessidade mais urgente é a compra de viaturas para fazer o transporte das crianças e jovens entre a casa e os centros da associação. Também isso pode ser uma grande ajuda, facilitando a vida e a rotina das famílias. Saiba como ajudar em www.appdaleiria.pt.