Na verdade, se seria de esperar que comentasse notícias transmitidas por jornalistas, assistimos precisamente ao contrário, com Marques Mendes a passar informações que depois os jornalistas investigam.
O último caso tem sido sobre o Novo Banco. Atenção que não considero que Marques Mendes proceda mal. É o seu papel e fá-lo o melhor que pode. O problema é os jornalistas colocarem-se nesta posição e, pior que isso, a forma como o país lida com o fenómeno.
Nos últimos anos tenho ouvido inúmeras críticas aos grandes escritórios de advogados e à sua influência nos grandes negócios do país. Ora, trabalhando Marques Mendes num desses grandes escritórios, e sendo um dos homens mais influentes do país, seria de esperar tudo menos, não quero usar subserviência, mas propensão para se ouvir este ex-político.
Se, ao contrário de um comentador, Marques Mendes usa a informação que detém para obter mais influência, parece-me evidente que, como aliás sucede entre os que mais se zangam, a indignação dos portugueses é falsa. No fundo, a maioria prefere saber o que se passa, mesmo que para isso pactue com aquilo que despreza. A forma como lida com Marques Mendes, à semelhança do que sucedeu com Marcelo, mostra bem que o desnorte que nos mina não se limita às elites.
Advogado
Escreve à quinta-feira