Montepio. Idoneidade de João Neves será novamente reavaliada

Montepio. Idoneidade de João Neves será novamente reavaliada


Análise será feita pelo mesmo diretor do Banco de Portugal que fez parecer arrasador em 2013


A idoneidade do atual administrador da Caixa Económica Montepio vai ser reavaliada, apurou o i. Curiosamente essa avaliação será feita por Luís Costa Ferreira que juntamente com Pedro Machado fizeram um parecer arrasador em 2013, dizendo que o nome era recusado com “fundamentos em indícios de falta de idoneidade para o exercício do cargo”, tal como i avançou na edição de ontem.

Este dois quadros saíram entretanto para a consultora PwC. E para o lugar de Costa Ferreira foi Carlos Albuquerque que no início deste ano saiu do Banco de Portugal. No entanto, Luís Ferreira da Costa, dois anos depois, regressou ao Banco de Portugal, assumindo funções no passado mês de fevereiro. Isso significa que cairá sobre si novamente a análise da idoneidade do atual administrador da Caixa Económica Montepio.

Contactado pelo i, fonte oficial do Banco de Portugal disse apenas que “em matéria de avaliação de adequação para o exercício de funções de membros dos órgãos sociais de entidades sujeitas à supervisão pelo Banco de Portugal, são devidamente avaliados e ponderados todos os factos relevantes para o efeito. Especificamente quanto ao requisito de idoneidade, a autorização não será concedida quando à luz do regime legal aplicável existam elementos suscetíveis de colocar em causa o referido requisito de forma objetiva e suficiente”.

No meio destas mudanças de cadeiras o Banco de Portugal (BdP) acabou por, no final de novembro de 2014, luz verde ao nome de João Neves para a administração da Caixa Económica Montepio, apesar do parecer arrasador do órgão regulador um ano antes.

Em causa estava um conjunto de irregularidades cometidas por João Neves entre 1997 e 1998, quando desempenhava o cargo de subdiretor do departamento financeiro, mercados e estudos do BES, envolvendo um cliente do segmento private da instituição financeira, em que desempenhava funções de “gestor privado de fortunas”.

No entanto, fonte ligada ao processo revelou ao i que esse parecer teve em conta as queixas feitas tanto pelos clientes lesados como pelo próprio BES, mas que acabaram por ser retiradas no primeiro semestre de 2014. Ou seja, quando o nome de João Neves voltou a ser proposto por Tomás Correia para entrar na administração do banco, o anterior parecer ficou sem efeito. “Foi feita uma tábua rasa porque as reclamações foram retiradas”, salienta a mesma fonte.

Para já, no curriculum de João Neves ficaram as acusações de que existiu “utilização indevida de fundos, nomeadamente através da movimentação de fundos de um cliente para diversas contas no BES e noutros bancos concorrentes, tendo alguns desses fundos chegado a ser transferidos para as contas pessoais de João Neves e sua esposa”, revela o documento. Este comportamento, segundo o mesmo, representa uma violação do código de conduta que foi feita “de forma reiterada e continuada”, envolvendo a imagem do BES para credibilizar “uma atividade que exercia com autonomia e por conta própria”.