Quem o escreve nas páginas deste jornal é Carlos Carreiras, presidente da CM de Cascais e coordenador autárquico do PSD. Neste texto de opinião que merece leitura, Carreiras lança-se dando como garantida a equiparação entre partidos fascistas e comunistas, exemplificando com a defesa da saída do euro, para aterrar na atual legislatura e encontrar provas de “cambalhotas” e amolecimento da que define como extrema-esquerda parlamentar.
Sem a capacidade de Carreiras para trumpizar tantos assuntos, deter-me-ei exclusivamente no argumento de base que lhe subjaz, porque de tantas vezes repetido não quer dizer que se tenha tornado verdadeiro.
Fascismo e comunismo não são ideologias e modelos de sociedade que se assemelhem mas, como historicamente se comprova, que se opõem.
A pouco séria discussão histórica em torno do número de mortes veio, indiretamente, massificar a sua equiparação. Imagine-se, por exemplo, se o número de mortes passa a ser critério para avaliar a ação da Igreja Católica ao longo dos séculos? E estaremos certos de que, nesta competição sobre mortos, o neoliberalismo e as políticas de austeridade impostas a partir de Pinochet na América Latina não provocaram e provocam muito mais mortes diretas e indiretas?
Coloquemos de lado esta necrofilia política, mas procuremos uma forma simples de comparação das duas ideologias: as respetivas formas de construção.
O fascismo constrói-se a partir de uma ideia de ódio e medo entre pessoas das mesmas classes sociais, mas de diferentes países, tons de pele, religiões, orientação sexual, etc. O comunismo constrói-se a partir da organização popular, de massas, tendo como fim a abolição das classes sociais.
Estamos, pois, perante paradigmas opostos. Um faz perigar quem esteja fora da norma de onde provém o fascismo, o outro faz perigar as vantagens de quem detém ou controla o poder. Um constrói-se destruindo a democracia, o outro só será bem-sucedido quando atingir a democracia plena.
Escreve à segunda-feira