Foi notório o seu esforço dedicado para ir mantendo viva a crónica, certamente pela vasta legião de leitores que a procuravam regularmente, como também pelo seu gosto no exercício da escrita e da opinião livre. Só que há situações em que a nossa liberdade tem muito que se lhe diga, e a verdade é que, a determinada altura, as crónicas empalideciam, ficando famosa uma última em que dissertava sobre… gravatas.
E assim se finaram, para desgosto de tantos leitores.
Ora, sem me querer comparar, porque não sou sequer escritor, sinto bem na pele a incomodidade da situação quando todas as semanas me vem uma angústia terrível ao fazer estes textinhos. Solta-se um polícia dentro de mim e falha-me a pena, perante uma óbvia dificuldade em conciliar a exposição pública de um lugar de responsabilidade, sempre escrutinado, com a liberdade de escrever sobre o que me dê na real gana. E é medonha a autocensura, com prejuízo evidente do leitor que é, afinal, o mais importante disto tudo.
Amo demasiado a liberdade, e sublinho que ninguém ma condicionou agora, mas sei bem que há um tempo em que a res publica se impõe para seu próprio benefício. Por isso mesmo, e pela santa liberdade, encerrarei agora este gratificante ciclo de mais de dois anos no i. O meu grato abraço ao diretor e a toda a sua equipa. Há mar e mar…