Coreia do Norte. Regime promete acelerar programa nuclear

Coreia do Norte. Regime promete acelerar programa nuclear


Pyongyang diz que não tem medo de um ataque preventivo americano. “Não nos assustam ou fazem pensar de maneira diferente”, diz regime


O regime norte-coreano tentou ontem lançar um – ou, segundo os serviços de espionagem japoneses – vários mísseis desconhecidos, mas sem sucesso. Os engenhos explodiram no lançamento, o que se pode dever a uma falha técnica ou à recém-adotada estratégia norte-americana de atacar Pyongyang com ataques informáticos concebidos para atrasar os seus programas balístico e nuclear.

O lançamento falhado ocorreu horas depois de o regime coreano anunciar uma “aceleração” do seu programa nuclear, que, apesar das sanções impostas ao governo norte-coreano, já evoluiu consideravelmente desde que Kim Jong-un chegou ao poder, em 2011. Só no último ano, por exemplo, o regime testou dois engenhos nucleares, um deles, em setembro, com o dobro da força destruidora da bomba largada em Hiroshima. Testes balísticos ocorreram na ordem das dezenas.

O regime anunciou-o pelo seu vice-embaixador na missão das Nações Unidas em Genebra, Choe Myong-nam, que voltou a sublinhar que uma das prioridades para Pyongyang é desenvolver tecnologia que lhe permita construir um míssil intercontinental capaz de transportar uma ogiva nuclear até ao território norte-americano. Na última semana, o Norte testou um engenho de propulsão que pode ser instalado em mísseis de longo alcance, aparentemente com sucesso e sob o pretexto de estar a experimentar mecanismos de lançamento de satélite. 

O ritmo de testes e avanços norte-coreanos parece indicar que mesmo o agravar gradual das sanções internacionais pouco faz para travar as ambições do regime norte-coreano. E Choe Myong-nam disse isso mesmo em Genebra. “Este tipo de coisas faz parte do sistema deles e não nos assustam ou fazem pensar de maneira diferente”, disse o vice-embaixador sobre a recente proibição de acesso ao sistema internacional de transações bancárias.

O secretário de Estado norte-americano, Rex Tillerson, terminou esta semana a sua primeira campanha diplomática pela Ásia, onde indicou que os Estados Unidos podem alterar a estratégia norte-coreana adotada pelo ex-presidente Barack Obama, que defendia uma abordagem de “paciência estratégica” para lidar com Pyongyang. Tillerson assegurou que todas as opções “estão em cima da mesa”, incluindo bombardeamentos preventivos.

A escolha de atacar preventivamente o arsenal nuclear norte-coreano e as suas capacidades balísticas tem várias dificuldades. O Pentágono teme que mesmo bombardeamentos cirúrgicos deixem de lado algumas ogivas coreanas, que podem ser depois lançadas contra território no Sul ou o Japão, possivelmente matando milhões de pessoas. “Claro que não temos medo de um ato como esses”, lançou Choe Myong-nam, em Genebra.

Soluções imperfeitas

A alternativa a uma solução militar, porém, parece para já improvável. Washington insiste em dizer que cabe a Pequim, enquanto o grande sustentáculo económico do regime, controlar o governo dos Kim. Mas a China já cortou este ano nas importações de carvão, uma das bolsas de oxigénio mais importantes para o Norte. Fazer mais, argumentam os políticos chineses, significaria asfixiar a já débil economia local e arriscar-se a uma crise humanitária nas suas fronteiras. O governo chinês, em todo o caso, propõe retomarem-se as negociações a seis que caíram ainda antes da chegada do imprevisível Kim Jong-un ao poder, garantindo, em troca do regresso à mesa, que Pyongyang poderia manter as ogivas que já construiu. Algo que os países aliados e EUA dizem ser inaceitável.