As autárquicas não são um plebiscito


O mundo político anda numa polvorosa porque o PSD escolheu uma desconhecida do aparelho partidário, Teresa Leal Coelho, como candidata à câmara de Lisboa.


De acordo com os analistas esta escolha, a que se junta a do Porto, ditará o fim da carreira política de Passos Coelho.

As eleições autárquicas estão a ser apresentadas como um plebicisto ao governo da Geringonça que não foi sufragado nas legislativas. É verdade que o governo tem sustentação parlamentar, mas também não deixa de ser verdadeiro que tal não foi o proposto aos portugueses quando estes votaram. A esquerda sabe que defraudou a vontade do eleitorado e, com essa ferida que não confessa mas que mói, vê nas autárquicas a oportunidade para legitimar este governo. 

A governação da Geringonça teve esta linha de rumo. Sucede que as autárquicas não são um plebiscito e, apesar dos tiques da Geringonça, ainda não vivemos numa democracia populista. Todo o cenário político, desde a política governamental à discrepação presidencial, passando pela forma como Medina – o presidente não eleito de Lisboa – geriu a cidade, está ser preparado para uma vitória que limpe as legislativas.

É por este motivo que não embarco nas críticas a Passos Coelho. O PSD não pode ser usado neste jogo próprio de uma democracia populista. Os governos devem sair das legislativas, como o presidente das presidenciais e os autarcas das autárquicas. É tendo em conta este cenário que é perfeitamente legítimo que o PSD reduza as eleições de Setembro àquilo que são. 

Advogado. 
Escreve à quinta-feira