A Europa acordou?


A Holanda proibiu o ministro dos Negócios Estrangeiros turco de fazer campanha a favor do sim no referendo sobre um regime presidencialista na Turquia.


A cidade alemã de Gaggenau fez o mesmo ao ministro da Justiça turco, e o ministro do Interior alemão afirmou, entretanto, que uma campanha eleitoral turca não tem de ser feita na Alemanha.

É caso para dizer que, finalmente, os países europeus acordaram. Quando membros de um governo estrangeiro fazem campanha eleitoral no nosso país estamos perante uma extensão inaceitável desse país dentro do nosso.

É uma violação das regras mais elementares da soberania e ainda bem que Holanda e Alemanha foram firmes neste ponto.

Nada disto tem que ver com refugiados ou com a imigração. Sou favorável à imigração, com a qual ganham todos: imigrantes, países de origem e países recetores. Nestes últimos, o enriquecimento que as novas pessoas trazem consigo, com outra forma de encarar os problemas e de os resolver, a que se soma a vontade férrea para trabalhar, é uma mais-valia indesmentível.

No entanto, além de imigração pressupor integração, não é disto que se trata aqui. Da mesma forma que não imaginamos o presidente dos EUA a fazer um périplo pela Europa apelando ao voto nas eleições norte-americanas, ou o presidente francês a proceder da mesma forma na Alemanha ou no Reino Unido, não se compreende por que motivo deveriam os países europeus agir diferentemente para com a Turquia. À hora em que estas linhas são lidas saberemos se não foi demasiado tarde.